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Consumo

Inadimplência cai, mas bancos seguram crédito

Atual conjuntura faz com que instituições mantenham cautela na liberação de empréstimos

Anefac mostra que de seis linhas de crédito, cinco subiram juros, entre elas a do comércio | Felipe Rosa/ Gazeta do Povo
Anefac mostra que de seis linhas de crédito, cinco subiram juros, entre elas a do comércio (Foto: Felipe Rosa/ Gazeta do Povo)

Apesar da queda da inadimplência, os bancos ainda não afrouxaram o crédito para o consumidor. A piora na conjuntura econômica está fazendo com que os bancos, principalmente privados, mantenham a cautela na concessão de empréstimos. O novo ciclo de alta da taxa básica dos juros (Selic), por sua vez, já encareceu os financiamentos.

INFOGRÁFICO: Veja como está o acesso ao crédito

Segundo pesquisa da Fecomércio-PR, o porcentual de famílias que acreditam que o acesso ao crédito está mais fácil caiu de 81,8% em agosto de 2012 para 69,9% no mesmo mês deste ano. Em compensação, os que acreditam que está mais difícil contratar crédito para compras a prazo aumentou de 13,3% para 16%.

A dificuldade aumenta justamente em um momento em que a inadimplência está caindo. No último ano, o calote (dívidas não pagas por mais de 90 dias) caiu de 8,2% para 7,2% entre as pessoas físicas nos chamados recursos livres, que medem principalmente o crédito para consumo.

"Em tese, a inadimplência em queda reduz o risco do sistema, o que seria um motivo para os bancos voltarem a emprestar e melhorar as condições oferecidas, mas isso não vem ocorrendo", diz Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de estudos financeiros da Anefac.

Segundo ele, os bancos olham para frente e têm dúvida sobre o crescimento do país. A alta dos juros esfria ainda mais a economia e pode gerar mais inadimplência e desemprego no futuro.

Rigor na aprovação

O cenário de incertezas torna os bancos mais rigorosos na aprovação dos cadastros dos clientes, com maior número de exigências para liberação dos financiamentos e um acompanhamento mais abrangente do histórico de pagamentos.

Sobre esse comportamento pesa ainda um outro indicador, o de dívidas com atrasos entre 15 e 90 dias. Considerado um antecedente da inadimplência, esse porcentual registrou leve piora de junho para julho – de 6,5% para 6,6% da carteira de empréstimos, o que significa que possa haver um repique de inadimplência nos próximos meses.

Com exceção do crédito imobiliário, os bancos estão mais seletivos em todas as modalidades de empréstimos, segundo o economista Fábio Tadeu Araújo, professor da PUC-PR. "Os bancos olham a localização e o tipo de carteira de empréstimos. E a rigidez é maior em setores onde a inadimplência, mesmo em queda, ainda está alta", diz.

Influenciadas principalmente pelo mercado imobiliário, as concessões de crédito para pessoas físicas continuam crescendo, mas em ritmo mais modesto, segundo o Banco Central. O avanço, que girava em 15% ao ano, hoje está em 10%. Em julho, atingiu R$ 133,6 bilhões. Com os bancos privados mais seletivos, os bancos públicos têm aumentado a participação da concessão de empréstimos. Em julho, eles representaram 50,5% do estoque. Um ano antes, esse porcentual era de 45,6%.

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