A inadimplência no mercado de crédito brasileiro no segmento de recursos livres subiu a 4,8% em julho, alcançando o patamar mais alto em dois anos, em meio ao cenário de juros elevados e consequente encarecimento dos financiamentos, divulgou o Banco Central nesta quarta-feira (26).
A taxa é a maior desde o mesmo mês de 2013, quando atingiu 4,84%. Em junho, a inadimplência neste segmento, em que as instituições financeiras definem as taxas de juros livremente, havia sido de 4,6%, segundo dado revisado pelo BC.
O crescimento da inadimplência no segmento em julho foi maior entre empresas, com o índice passando a 4,1%, contra 3,9% em junho. Entre pessoas físicas, também houve avanço no período, a 5,4%, contra 5,3%.
A maior inadimplência, que são atrasos acima de 90 dias nos pagamentos de dívidas, tem como pano de fundo o cenário de deterioração do mercado de trabalho, baixo crescimento econômico e inflação acima de 9% no acumulado em 12 meses, muito superior ao centro da meta do governo – de 4,5% pelo IPCA, com margem de dois pontos para mais ou para menos.
Reagindo ao avanço persistente dos preços, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC aumentou a Selic em 0,5 ponto percentual no fim de julho, a 14,25% ao ano, patamar mais elevado em nove anos. Com isso, ainda segundo o BC, a taxa média de juros no segmento de recursos livres manteve trajetória de alta em julho, indo a 44,2% ao ano, novo recorde da série histórica iniciada em março de 2011.
O spread bancário --diferença entre o custo de captação e a taxa efetivamente cobrada pelos bancos ao consumidor final-- seguiu igual toada, indo a 31,4 pontos percentuais no mesmo segmento, ante 30,6 pontos percentuais em junho.
No mês passado, informou ainda o BC, o estoque total de crédito no Brasil subiu 0,3% sobre junho, chegando a R$ 3,111 trilhões, ou 54,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 12 meses a alta foi de 9,9%.
Endividamento
O BC também divulgou que o endividamento das famílias em junho, dado mais recente disponível, caiu a 45,8, contra 46,1% em maio. O percentual considera o impacto de financiamentos imobiliários. Excluído esse efeito, o endividamento das famílias recuou para 27,1% em junho, contra 27,4% em maio. Já o comprometimento de renda considerando financiamentos imobiliários manteve-se em junho, a 21,9%.
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