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Indústria

Indústria fecha 2009 com queda de 7,4%, a maior desde 1990

Maiores quedas vieram de máquinas e veículos, segundo o IBGE. Em dezembro, produção do setor ficou 0,3% menor

A crise financeira mundial derrubou a indústria brasileira em 2009 em 7,4 por cento, a pior performance desde 1990 e o primeiro resultado negativo desde 1999, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.

O dado segue o crescimento de 3,1 por cento registrado em 2008. O setor deve se recuperar neste ano, passados os efeitos da crise, sendo que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, prevê uma expansão de 7 por cento.

"A queda na indústria (em 2009) foi imensa... O cenário agora é bem diferente de 1990. Agora a saída da crise é mais consistente", afirmou a economista do IBGE, Isabella Nunes. "Em 1990, houve uma grande confusão com confisco (no governo Fernando Collor de Mello) e instabilidade macroeconômica."

"A crise derrubou as taxas da indústria, mas ao longo de 2009 as taxas foram se tornando menos negativas e até positivas. O ajuste mais forte foi feito nos segmentos que dependem de crédito e da demanda internacional", acrescentou.

A indústria nacional encerrou o ano em um patamar 6,2 por cento abaixo do recorde da série em setembro de 2008, quando a quebra do Lehman Brothers aprofundou a crise mundial, impactando fortemente o Brasil no fim daquele ano.

Para Mantega, isso já é "passado". "No presente, a produção industrial está crescendo fortemente", disse ele a jornalistas em evento em São Paulo.

O mercado tem a mesma visão. "As perspectivas para 2010 são bastante positivas... até mesmo por conta da base de comparação mais baixa. Esperamos um crescimento superior a 8 por cento para a produção manufatureira em 2010", afirmou a Rosenberg & Associados em relatório a clientes.

Dezembro

Em dezembro apenas, a produção recuou 0,3 por cento sobre novembro. A queda foi a segunda consecutiva e essa desaceleração no fim do ano depois de 10 meses seguidos de expansão deve-se ao fim de incentivos fiscais ao setor automotivo.

"Não dá para falar em reversão de tendência. O que houve foi uma perda de fôlego no ritmo", disse Isabella. Ela citou também o período de férias coletivas em alguns segmentos da indústria no fim do ano.

Na comparação com dezembro de 2008, a expansão na produção foi de 18,9 por cento, quando o setor foi fortemente abatido pela crise global. Foi o melhor resultado desde abril de 1991.

Setores

Em 2009, o segmento de Máquinas e equipamentos registrou queda de 18,5 por cento e foi o principal responsável pelo baque da indústria. Outros destaques foram Veículos automotores (-12,4 por cento) e Metalurgia básica (-17,5 por cento).

"Quem pressionou a indústria (para baixo) foi a dobradinha bens de capital e bens intermediários que representam quase 70 por cento da indústria", disse Isabella.

A produção de bens de capital recuou 17,4 por cento e a de bens intermediários caiu 8,8 por cento. A atividade de bens de consumo duráveis e a de bens semi e não duráveis diminuiu em ritmo menor, em respectivamente, 6,4 e 1,6 por cento.

"Quem segurou a indústria e o país na crise foi o mercado interno. Foram dados incentivos fiscais, ampliou-se a oferta de crédito e a renda e o salário garantiram um fôlego", disse Isabella, frisando que apenas quatro setores aumentaram a produção no ano passado: Farmacêuttica, Perfumaria, Equipamentos de transporte e Refino de petróleo e álcool.

Os efeitos da crise financeira sobre a indústria brasileira foram mais fortes no primeiro semestre de 2009, quando a queda foi de 13,4 por cento ante o mesmo período de 2008, ao passo que na segunda metade do ano a retração foi de 1,7 por cento.

Essa melhora foi puxada por um desempenho mais positivo no fim do ano de bens duráveis, com destaque para automóveis. Os investimentos e a produção de bens intermediários também iniciaram no fim de 2009 uma trajetória de retomada.

Os bens de capital --medida de investimentos-- caíram 22,9 por cento no primeiro semestre, enquanto na segunda metade do ano a retração foi de 1,9 por cento, sendo que no último trimestre houve uma expansão de 6,7 por cento.

"A retomada dos investimentos e de intermediários abre uma perspectiva mais otimista para 2010", disse Isabella.

Impacto do PIB

O tombo da indústria em 2009 vai pressionar para baixo o Produto Interno Bruto (PIB), segundo fontes no IBGE.

A indústria pesa cerca de 35 por cento no PIB, enquanto o setor de serviços tem peso de 60 por cento e a agropecuária, de apenas 5 por cento.

Segundo uma fonte, o resultado ruim da indústria provavelmente também vai rebater em alguns subsetores do segmento de serviços, como comércio e transporte de cargas. "Aí haverá impacto, mas os demais parece que passaram pela crise quase sem se mexer", disse, ao citar os subsetores como educação, saúde, turismo, telecomunicações e intermediação financeira.

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