O número de trabalhadores na indústria atingiu em fevereiro o menor nível desde dezembro de 2000, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) passou a investigar o mercado de trabalho do setor.
Empresários demitiram pelo 41.º mês consecutivo, o que provocou queda de 4,5% no pessoal ocupado ante fevereiro do ano passado. As dispensas espalharam-se por todos os 18 segmentos investigados, assim como as reduções no número de horas pagas e no valor real da folha de pagamento.
O cenário atual é “mais grave” do que em momentos passados devido à longa extensão do processo de perda de confiança de empresários e consumidores, avaliou o economista Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria Integrada. “Em 2008 e 2009, houve recuperação rápida. Hoje, o pessimismo é maior”, notou.
Diante do quadro, a indústria já chega a quase três anos e meio de demissões, e a redução no número de horas pagas (via redução de jornada e cortes de turnos extras) está perto de completar dois anos quando comparado o mês ao mesmo mês do ano anterior.
“Mais do que o próprio período, chama atenção que as taxas negativas estão em patamar mais alto. Isso tem a ver com a maior redução de ritmo da produção e significa que a indústria passou a demitir mais”, comentou André Macedo, gerente da Coordenação da Indústria do IBGE.
Custo em alta
Enquanto isso, a indústria assiste ao aumento de custos com mão de obra e à queda de produtividade. Nos cálculos da Tendências, o custo unitário do trabalho subiu 3,3% em fevereiro ante igual mês do ano passado, enquanto a produtividade caiu 4,2%.
Na comparação com janeiro, o emprego industrial recuou 0,5%, segundo o IBGE.
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