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Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz do Brasil | Henry Milléo/Gazeta do Povo
Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz do Brasil| Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo

Em visita a Curitiba para a abertura do Fórum de Tec­­no­­logia de Moto­­res a Diesel na última semana, o presidente da Mer­­cedes-Benz do Brasil, Philipp Schiemer, afirmou que o setor de caminhões só voltará a crescer a partir de 2015. Com o aumento do PIB previsto para 0,5% e a crise da economia na Argentina, o executivo estima que as vendas da montadora cheguem às 130 mil unidades neste ano, ante as 149 mil comercializadas em 2013. De janeiro a agosto, o segmento amargou uma queda de 13,85% em comparação com o mesmo período do ano passado. "Os caminhões são bens de investimentos que dependem de cálculos econômicos, mas, principalmente, de confiança no futuro. O Brasil tem todas as condições para crescer, mas é preciso restabelecer a confiança na indústria", disse Schiemer em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo.

Até o primeiro semestre do ano, a Mercedes-Benz tinha uma previsão de produzir 130 mil caminhões até o fim de 2014. Essa estimativa se mantém mesmo com a retração do mercado?

O mercado apresentou no acumulado do ano uma queda de 13,85% na venda de caminhões, mas nós mantemos os nossos cálculos em 130 mil unidades para 2014. Mesmo assim, ainda existem riscos pela frente. O Finame [programa federal de financiamento de máquinas e equipamentos] anunciou que fechará as portas no fim de novembro, o que cria uma incerteza do que vai acontecer em dezembro, tornando-o um mês difícil para o mercado. Então, eu diria que 130 mil é uma previsão otimista.

Devido à queda nas vendas, uma parte dos trabalhadores da fábrica de São Bernardo do Campo (SP) está em lay-off. Sabe-se quando eles voltarão ao trabalho?

Mais ou menos 1,2 mil funcionários estão em lay-off, mas o retorno deles depende do nosso nível de produção. Ainda é cedo para falar, porque dependemos das perspectivas para 2015 e dos mercados de exportação. Neste ano, tivemos uma grande dificuldade por causa da forte queda da economia da Argentina. Mas existe a esperança de uma leve recuperação a partir do ano que vem. Mas, na situação atual, nós ainda não podemos trazer esse pessoal de volta.

Há o risco de demissões na empresa?

Não. No passado, nós tratamos dessas questões por meio do PDV [Plano de Demissões Voluntárias] e da aposentadoria antecipada, e é isso o que tentaremos fazer no futuro. E nós também estamos em negociação com os sindicatos para alterar a PLR [Participação nos Lucros e Resultados], algo que acontece na indústria como um todo, mas ainda estamos em tratativas.

Há uma perspectiva de quando o mercado voltará a crescer?

O mercado dos caminhões depende do crescimento do PIB, e para retomar o crescimento a gente precisa de um aumento de no mínimo 3%. Hoje, estamos com uma elevação prevista para 0,5%, o que realmente não é um ambiente propício para investimentos. Os caminhões são bens de investimentos, que dependem de cálculos econômicos, mas, principalmente, de confiança no futuro. O Brasil tem todas as condições para crescer, mas é preciso restabelecer a confiança na indústria.

As montadoras e o governo federal estavam em negociação para a criação de um programa de renovação de frota. Houve avanços?

A renovação de frota é essencial, não só para a Mercedes, como para o crescimento do país. A Anfavea [Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores] e outras entidades de classe apresentaram um projeto ao governo. Estamos tratando deste assunto há mais de um ano e temos esperança de um resultado positivo. Por enquanto, esse programa não saiu do papel, mas vamos continuar batendo nessa mesma tecla.

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