
A inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), subiu 0,16% em julho, patamar ligeiramente superior ao registrado em junho (0,15%). Os preços dos alimentos acentuaram o ritmo de queda, mas o impacto foi anulado por um aumento nos combustíveis, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em Curitiba, a variação no mês foi de 0,29%.
INFOGRÁFICO - Calcule sua inflação em julho de 2011
No acumulado de 12 meses, a inflação subiu para 6,87% em julho, o maior nível desde junho de 2005. O resultado se afasta ainda mais do teto da meta fixada pelo governo, de 6,5% em 2011. "Isso acontece porque nós abandonamos o resultado de julho de 2010, de 0,01%, e acrescentamos o resultado de 0,16% de julho deste ano", explicou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.
Dever de casa
Na avaliação de Thiago Curado, analista da Tendências Consultoria Integrada, a crise internacional tende a favorecer um freio nos preços, sobretudo em 2012, quando a inflação até poderia convergir para o centro da meta, de 4,5%. A acomodação dos valores das commodities, uma desvalorização menos intensa do real e o arrefecimento das economias dos Estados Unidos e Europa propiciariam um cenário menos inflacionário. "Existe de fato a oportunidade de voltar ao centro da meta em 2012, mas devemos perdê-la, porque não estamos fazendo o dever de casa, não estamos trabalhando para promover um desaquecimento maior da economia", diz Curado.
A Tendências não modificou a previsão de inflação para 2012, que atualmente está em 5,12%. Para Curado, há no mercado uma expectativa de que o Banco Central não dará continuidade ao aperto monetário para conter a inflação. "Estamos prevendo apenas mais uma alta de 0,25 ponto porcentual da taxa básica de juros em agosto, depois o aperto monetário deve ser encerrado", acrescenta o analista da Tendências.
O economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa, disse que somente em novembro o IPCA acumulado em 12 meses deve voltar a ficar abaixo do teto da meta. Ele concorda que o ciclo de aumento nos juros pode estar perto do fim. "Dentro de um quadro em que a economia mundial está sofrendo forte desaceleração, a percepção de que os juros não devem subir mais no curto prazo é reforçada", explica Camargo Rosa. "Se o agravamento externo permanecer e isso implicar, efetivamente, retração mais forte da economia global, pode gerar expectativa de afrouxamento de política monetária em 2012", analisa.



