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Alimentos

Inflação da carne desacelera

Desde o fim de 2007, produto foi reajustado em 38% por causa da oferta menor e do aumento das exportações. Nos últimos meses, valor do boi gordo recuou, o que ajuda a segurar os preços

Variação do preço da carne |
Variação do preço da carne (Foto: )
Alcatra e patinho subiram entre 25% e 30% nos últimos 12 meses, enquanto costela disparou 60% . |

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Alcatra e patinho subiram entre 25% e 30% nos últimos 12 meses, enquanto costela disparou 60% .

A escalada no preço da carne, que foi reajustada em quase 40% nos últimos 12 meses, está perdendo força. Os negócios com boi gordo mostram que os pecuaristas não estão conseguindo cotações mais altas, o que deve levar a uma maior estabilidade nos valores cobrados nos supermercados.

A carne começou a ser fortemente reajustada no fim de 2007. Em Curitiba, por exemplo, o preço do produto subiu 6,2% em novembro e outros 5,7% em dezembro, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os aumentos continuaram durante o primeiro semestre de 2008 e perderam força a partir de agosto.

Desde novembro do ano passado, a carne foi reajustada em 38% em Curitiba. Os cortes de primeira, como alcatra e patinho, subiram menos, entre 25% e 30%. A costela foi a campeã de aumentos: está quase 60% mais cara.

Dois fatores levaram ao forte reajuste: uma redução na oferta de bois gordos e o aumento nas exportações. A analista da área de pecuária Maria Gabriela Tonini, da Scot Consultoria, explica que o preço do boi gordo estava em baixa entre 2003 e 2006. Por isso, os pecuaristas decidiram reduzir o número de matrizes. "Assim, diminuiu o número de bois no pasto e o preço reagiu", diz.

O mercado externo também pressionou os preços. Por causa das altas cotações internacionais, houve um aumento de 22% no valor das exportações de carne nos primeiros nove meses do ano, na comparação com o mesmo período de 2007.

"Neste momento as exportações estão perdendo fôlego porque a Rússia está comprando menos", afirma Péricles Salazar, presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Paraná (Sindicarne). "Por isso a cotação do boi gordo está em tendência de queda, o que pode levar a um recuo de preços ao consumidor nas próximas semanas", analisa. O valor da arroba de boi no Paraná, segundo ele, caiu de R$ 88 para R$ 84 no mês passado. Há um ano, estava abaixo de R$ 70.

A oferta de bois também tende a se recuperar nos próximos meses. "O preço dos bezerros subiu bastante, então os pecuaristas têm incentivo para criar matrizes", diz Maria Gabriela. "Mas o ciclo até o boi gordo é de dois anos, então a oferta aumenta lentamente", completa.

Opções

O espaço para reajustes na carne também ficou limitado pela indisposição do consumidor em pagar mais. "As pessoas compram menos, trocam por outras fontes de proteína", diz Salazar, do Sindicarne. Entre as opções que o consumidor pode buscar estão o peixe, que subiu menos de 10% em um ano, e o frango, que teve elevação de 30%.

A coordenadora do projeto do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Maria Luiza Veloso, destaca que a carne suína acompanhou a alta dos cortes bovinos. "O preço das carnes desacelerou a partir de agosto, mas é possível que haja um pequeno aumento no fim de ano, já que o consumo de carne suína cresce com as festas." A prévia do IPC aponta para alta acima de 2% nas carnes em outubro, enquanto no IPCA o produto está estável.

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