Os índices de inflação medidos por diversos governos provinciais argentinos mostraram neste fim de semana uma grande disparidade com a medição elaborada pelo Instituto de Estatísticas e Censos (Indec), organismo federal sob intervenção do governo da presidente Cristina Kirchner desde janeiro de 2007. A inflação acumulada nos últimos quatro anos, segundo o Indec, é de 39%, enquanto que em média o índice desse mesmo período calculado pelas províncias é de 120%.
Os economistas independentes atribuem a diferença entre os dois índices, de 80 pontos porcentuais, à manipulação da inflação oficial nos últimos quatro anos. Os cálculos oficiais do Indec indicam que os alimentos, desde janeiro de 2007, registraram um aumento de 39,3%. Mas, de acordo com os cálculos das províncias, os preços dos alimentos cresceram em média 140%.
Na semana passada, o governo anunciou que o índice acumulado de inflação de 2010 havia sido de 10,9%. No entanto, esta estatística não é levada a sério pelas principais consultorias econômicas do país, associações empresariais, sindicatos e organizações de defesa dos consumidores, que preferem confiar no cálculo de economistas que sustentam que a inflação do ano passado teria oscilado entre 23% e 27%.
Os índices elaborados pelo governo federal e pelas províncias coincidiram até 2006. Mas, nos anos seguintes, com a intervenção do Indec por parte do governo Kirchner, os cálculos começaram a divergir. A manipulação do índice oficial permitiu ao governo Kirchner economizar US$ 26 bilhões nos títulos da dívida pública que são reajustados pela alta inflação.



