
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) prévia da inflação oficial (o IPCA) acelerou 0,1 ponto porcentual em dezembro, para 0,56%. Com isso, o índice acumulado em 12 meses atingiu 6,56%, pouco acima do teto da meta (6,5%) de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Para que o IPCA "cheio" feche o ano dentro da meta, a inflação deverá frear nesta segunda quinzena de dezembro e fechar o mês em até 0,5% índice que levaria o indicador ao limite máximo da meta. O IPCA-15 mediu a inflação entre meados de novembro e dezembro; o IPCA cheio vai apurar a variação de preços entre 1.º e 31 de dezembro.
A maioria dos economistas não crê em cumprimento da meta, que é de 4,5% e tem tolerância de dois pontos para cima ou para baixo. Se a inflação realmente "estourar o teto", o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, deverá redigir uma carta aberta ao ministro da Fazenda justificando as razões para o descumprimento e relacionando que providências tomará.
"Na prática é irrelevante, do ponto de vista da inflação, se o índice ficar 0,1% ou 0,5% acima da meta de inflação. O Brasil teve um ano atípico. A economia estava pressionada, os preços das commodities se recuperaram a houve uma leve valorização do câmbio", diz o economista Breno Pascualote Lemos. "O descumprimento da meta tira um pouco da credibilidade, mas o mercado continua confiante na capacidade do Banco Central de administrar a trajetória da inflação para os próximos anos." Para Lemos, em 2012 o BC conseguirá levar a inflação para o centro da meta (4,5%). "Há um movimento de desaceleração nos setores que mais pressionavam", explica.
Para o estrategista-chefe da CM Capital Markets, Maurício Nakahodo, a inflação acumulada em 12 meses só vai baixar mais fortemente no começo do segundo trimestre de 2012. "Em março até pode atingir 5,95%, com chance de ainda ficar acima de 6%. Mas em abril já deve perder força", diz.
O economista da LCA Fábio Romão ainda acredita que a inflação pode se limitar a 6,5% neste ano. Segundo ele, vários itens do IPCA cheio devem subir menos que na prévia. Seria o caso das carnes, que respondem por 2,44% de todo o IPCA e subiram 4,36% no IPCA-15, mas devem avançar 3,47% ao fim do mês. Para açúcar e derivados, o índice deve baixar de 0,24% para 0,01% na mesma comparação; hortaliças e verduras, por sua vez, devem desacelerar de 2,13% para 1,72%. "Confirmado este número, isto deve evitar o arredondamento e a necessidade de [Tombini] redigir a carta."



