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| Foto: Lluis Gene/AFP

Vista como uma grande aposta das gigantes de tecnologia, a inteligência artificial (IA) também tem monopolizado as atenções de pequenos desenvolvedores e startups mundo afora. Isto, curiosamente, graças a um “empurrãozinho” de companhias como Google, IBM e Microsoft, que estão disputando esse mercado bilionário.

Geralmente restritas à academia, as iniciativas open source, que disponibilizam softwares, algoritmos e sistemas de forma gratuita, têm ajudado a facilitar o acesso à inteligência artificial e a fomentar a criação de novas aplicações.

A “democratização” da tecnologia sinaliza uma recente mudança de atitude das empresas do setor, que têm deixado de manter em segredo suas pesquisas e soluções. O Google, por exemplo, liberou no fim do ano passado parte dos algoritmos responsáveis pelo seu aplicativo Fotos, que usa machine learning – técnica em que o computador aprende por conta a fazer ações, em vez de ser programado – para catalogar e identificar imagens.

Ao abrir os códigos para acessar o sistema, a gigante de busca permite que desenvolvedores testem e aperfeiçoem a tecnologia –e, num segundo momento, compartilhem essas melhorias com a empresa. Não se trata, portanto, de mera filantropia.

A Microsoft também tem iniciativas semelhantes. Entre as mais recentes está o Projeto Malmo, que usa o popular game Minecraft (pertencente à empresa) como uma plataforma para testar aplicações de inteligência artificial. Após fazer estudos iniciais, a equipe por trás do projeto decidiu liberar a plataforma por meio de uma licença de código aberto, permitindo que pesquisadores e mesmo amadores possam desenvolver suas próprias experiências. “Nosso foco, desde o início, foi garantir que as barreiras para a inovação fossem as mínimas possíveis”, afirma, em nota da empresa, o líder de desenvolvimento do Malmo, Matthew Johnson.

23 mil

é o número de desenvolvedores que se inscreveram nos últimos três meses para criar chatbots para o aplicativo Messenger, do Facebook – chatbots são sistemas capazes de “conversar” com os usuários por meio de texto e efetuar ações. A iniciativa de liberar o acesso de forma gratuita se mostrou uma ação acertada de Mark Zuckerberg: mais de 11 mil robôs já estão integrados ao app, criados majoritariamente por desenvolvedores sem ligação direta com a rede social.

Outra forma de facilitar o acesso à inteligência artificial é “subsidiar” o primeiro contato de startups e pequenas empresas com a tecnologia, permitindo que desenvolvedores façam testes antes de adotar a tecnologia em maior escala e passar a pagar por ela. É o caso da IBM e sua plataforma de computação cognitiva, Watson, que oferece quase 30 aplicações diferentes com IA.

“Um desenvolvedor independente pode criar uma conta e ter acesso gratuito por 30 dias. Além disso, cada aplicação possui um limite de vezes que você pode usar sem pagar. E, se ultrapassar esse limite, são centavos de reais a cada vez. É um valor tão acessível que todo mundo se sente confortável para no mínimo iniciar um laboratório de pesquisa para testar a tecnologia”, afirma o arquiteto de Soluções para o Watson no Brasil, Thiago Rotta.

Megaempreendedor está por trás de startup que quer compartilhar avanços em IA

O movimento open source (código aberto, em português) na inteligência artificial (IA) tem angariado simpatizantes de peso. O megaempreendedor Elon Musk, fundador da Tesla e da SpaceX, é um dos nomes por trás da OpenAI, startup criada para desenvolver pesquisas avançadas com a tecnologia – e compartilhar tudo de graça.

A intenção da iniciativa, além de fomentar a evolução da inteligência artificial, é evitar que apenas um pequeno grupo de grandes empresas controle o futuro da tecnologia. Os efeitos de ações como a da OpenIA foram recentemente foco de um novo estudo do filósofo e pesquisador da Universidade de Oxford Nick Bostrom, uma das maiores autoridades em inteligência artificial do mundo.

“Software e conhecimento sobre algoritmos não são excludentes. Fazer com que esses sistemas estejam livremente disponíveis ajudaria mais pessoas a usá-los, a um baixo custo. A curto prazo, o efeito pode ser pequeno, já que já há muita coisa em domínio público, mas certamente será positivo”, destaca Bostrom em um artigo divulgado neste ano.

Há quem defenda ainda um passo adiante na “democratização” da tecnologia, que envolve não a questão financeira, mas o conhecimento necessário para aproveitar seu potencial. “Nossa missão hoje é democratizar a inteligência artificial de forma que as pessoas não precisem contratar um cientista de dados ou engenheiro de IA para trabalhar com a tecnologia. É desta forma que se democratiza, tornando a IA natural no dia a dia mesmo de pequenas e médias empresas”, afirma Vicente Goetten, diretor do TOTVS Labs, laboratório de pesquisa e inovação da TOTVS sediado no Vale do Silício.

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