
Reajustes em itens que compõem os grupos de Alimentação, Habitação e Despesas Pessoais entre eles, feijão, taxa de água e esgoto, cabeleireiro e manicure influenciaram a alta da inflação de Curitiba e região metropolitana em abril. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) da capital fechou em 0,73% no mês, superando a média nacional, que foi de 0,64%, o nível mais alto em um ano. Apesar desse avanço, no acumulado de 12 meses o IPCA de Curitiba recuou a 4,56% em abril, ante 5,09% em março. Esse indicador também diminuiu na média nacional, de 5,24% para 5,1%.
No grupo Alimentação, que possui grande peso na composição do índice, o aumento dos preços de itens como feijão (que subiu 3,96% em abril), hortaliças e verduras (5,71%) e tubérculos e legumes (3,95%) que tiveram a maior alta entre as 11 capitais analisadas contribuiu para elevar o IPCA da capital paranaense.
Os moradores de Curitiba e região também gastaram mais com Habitação, que subiu 1,92% e ficou acima da média nacional (0,80%) e das demais capitais. Nesse grupo, o maior destaque foi o reajuste na taxa de água e esgoto cobrada pela Sanepar, que no mês avançou 11,27% na medição do IPCA. Aluguel residencial (1,03%), condomínio (2,07%) e mudança (1,12%) também elevaram o IPCA da Habitação.
No grupo das Despesas Pessoais, o destaque ficou por conta do reajuste nos serviços. Curitiba registrou a terceira maior alta nesse item (1,67%), atrás de Rio de Janeiro (5,2%) e Belém (1,68%). Serviços de costura (3,38%), empregado doméstico (1,77%), manicure (1,67%) e cabeleireiro (1,43%) foram os itens que mais encareceram no período. Enquanto o reajuste nos preços dos empregados domésticos acompanhou o cenário nacional, o aumento do preço das costureiras em Curitiba foi o maior do país.
Além disso, o cigarro, que registrou aumento de 15,78% em abril, exerceu forte pressão sobre a inflação de Curitiba. Incluídos os demais itens, o grupo de Despesas Pessoais foi responsável pelo maior impacto no IPCA curitibano de abril. Depois do Rio de Janeiro (4,17%) e Fortaleza (2,51%), Curitiba é a capital com maior alta (2,46%).
Análise
Para o economista Luciano DAgostini, professor da FAE Business School, o aumento da inflação de Curitiba é motivado pelo baixo índice de desemprego e pelo aumento da renda em Curitiba e região metropolitana. Segundo dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), a capital paranaense tem taxa de desemprego de 4,5%, a menor do país. "Estamos vivendo praticamente em uma situação de pleno emprego", diz DAgostini. Mais emprego significa mais renda e consumo e, portanto, pressão nos preços sobretudo dos serviços.
DAgostini também destaca o aumento da inflação da habitação, que cresce acima da média do IPCA há cerca de quatro anos. "Devido ao bom momento do setor, a inflação da habitação está acima da correção dos salários. Isso é preocupante, porque o nível de endividamento das famílias sobre a sua renda chegou a históricos 42,97%, diante dos 15% registrados em 2005", observa. Segundo ele, o salário que não sobe à mesma velocidade deve funcionar como restrição a novos reajustes, principalmente nos aluguéis.



