O Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea)prevê aumento de 3,3% na produção industrial de outubro em relação ao mesmo mês do ano passado. Esses dados serão divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apenas nesta terça-feira (2). Caso seja confirmado, o resultado será muito inferior ao apurado em setembro na comparação com igual mês de 2007 (9,8%). Na comparação com setembro, a expectativa é de um crescimento zero.
Há previsão também de queda na produção de veículos automotores, atividade que vinha puxando a indústria em 2008. Segundo o documento do Ipea, os pesquisadores da instituição "constataram que todos os indicadores setoriais cresceram, ao contrário da produção de autoveículos. Após 19 meses de variação positiva, o setor apresentou queda na comparação com o mesmo mês do ano anterior".
Leonardo Mello de Carvalho, coordenador do Indicador Ipea de Produção Industrial e membro do Grupo de Análises e Previsões (GAP) da Diretoria de Estudos Macroeconômicos do instituto, diz no documento que parte da queda projetada para automóveis "já é reflexo dos primeiros efeitos da crise internacional, porque a escassez de crédito tem afetado as vendas do setor, que registraram queda de 11% em relação a setembro".
Segundo o documento, o setor de autoveículos vem passando por um processo de acomodação, dado o crescimento do nível de estoques. A crise também parece ter afetado o fluxo de veículos pesados, que apresentou retração de 1,0% na margem. Por fim, tanto a produção de papelão, quanto a carga de energia registraram elevação.
"Contudo, no momento em que os efeitos da crise internacional começam a ser sentidos no Brasil, a indústria em geral mantém bom desempenho", informa o documento. Porém, Mello de Carvalho avalia que "durante o mês de outubro, alguns setores ligados à exportação sofreram com a diminuição das linhas de financiamento externo. Somado a isso, a queda na demanda mundial e nos preços das commodities começam a afetar negativamente as quantidades exportadas".
De acordo com o documento do Ipea, mesmo com a forte desaceleração prevista no crescimento da indústria em outubro, a expectativa é que "com a série de medidas adotadas pela Autoridade Monetária para restabelecer a confiança no mercado financeiro, a fim de normalizar as concessões de crédito, a retração na produção industrial não se intensifique e suavize, com isso, um possível impacto negativo na demanda".
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