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Direito trabalhista

Jucá recua e tira pontos polêmicos de texto que regulamenta domésticos

A principal mudança foi retirar o pagamento da multa do fundo nos casos de demissões por justa causa ou nas demissões solicitadas pelos empregados domésticos

Depois de tentar impor novidades na legislação trabalhista dos empregados domésticos, como o direito à multa do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) mesmo em demissões por justa causa, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) foi obrigado pela Justiça trabalhista e pelo governo a recuar. Relator da proposta que regulamenta os direitos dos trabalhadores domésticos no Congresso, o senador retirou pontos polêmicos do texto -que ele mesmo admite que poderiam resultar em futuros questionamentos judiciais.

A nova versão do relatório, apresentada nesta qwuarta-feira (29) à comissão que discute a regulamentação no Congresso, prioriza direitos já consagrados pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). "Nós equalizamos constitucionalmente a proposta. Havia diferenças para o empregado doméstico, isso poderia levar a pendências judiciais, não queremos isso. Uniformizamos os mecanismos legais", afirmou.

A principal mudança foi retirar o pagamento da multa do fundo nos casos de demissões por justa causa ou nas demissões solicitadas pelos empregados domésticos. Os trabalhadores terão os mesmos direitos à multa estabelecidos pela legislação em vigor.

Jucá incluiu no relatório a possibilidade de acordo entre patrão e empregado doméstico para a divisão da multa do FGTS. O mecanismo, previsto na CLT para os demais trabalhadores, permite que cada parte fique com 20% do valor da multa nos casos de "culpa recíproca" -quando ambos forem responsáveis pela rescisão do contrato de trabalho na mesma proporção.

Isso permite, na prática, que os dois lados fechem acordo para a divisão do valor da multa. O relator também adequou regras como o pagamento em dobro do trabalho doméstico prestado aos domingos e feriados, a criação do regime de tempo parcial de trabalho para os domésticos e a fixação da hora noturna de trabalho similar à prevista pela CLT.

O senador ainda fixou critérios que impeçam o pagamento de seguro-desemprego nos casos de recontratação do empregado pelo patrão, mas foi obrigado a retirar o prazo de dois anos fixado anteriormente para a recontratação do doméstico. "Em contato com o Tribunal Superior do Trabalho, isso poderia ser considerado inconstitucional. Retiramos o prazo e, se houver conluio para pagar o seguro-desemprego com o trabalhador ainda trabalhando, será crime", afirmou.Em um outro recuo, ampliou de 10 para 11 horas o tempo de descanso entre as jornadas de trabalho dos empregados domésticos. O período de 11 horas é previsto pela CLT.

FGTS

Apesar da pressão de sindicalistas, Jucá manteve no texto o modelo diferenciado do pagamento da indenização do FGTS para demissões sem justa causa.Os patrões vão recolher, além dos 8% do fundo, alíquota de 3,2% como uma espécie de "poupança" que vai equivaler à multa de 40% para os casos de demissões sem justa causa. "Só fizemos diferenciado a questão do FGTS para não impactar nas famílias", afirmou.

O relator também comprou outra briga com os sindicatos ao isentar patrões e empregados do pagamento do imposto sindical. "Sindicato de empregadores é algo complicado, não tem como definir, nem como discutir a base de cálculo", disse.

Jucá incluiu no texto a possibilidade de os patrões pagarem planos de saúde aos empregados domésticos, desde que descontem o valor de seus salários no limite de 20% do total da remuneração.Outra mudança permite aos patrões descontar dos salários dos empregados domésticos danos materiais provocados nas residências --desde que a regra seja estabelecida no momento da contratação do empregado.

Até terça-feira, Jucá vai receber sugestões de sindicalistas, governo e da sociedade civil para mudanças em seu relatório. A votação na comissão foi marcada para quinta-feira (6). Depois de aprovada, a proposta ainda precisa passar pelos plenários da Câmara e do Senado para que as regras entrem em vigor.

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