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A manutenção da taxa básica de juros dos Estados Unidos em 2% ao ano e os rumores de que um acordo para salvar a gigante AIG está no forno salvaram as bolsas norte-americanas e a brasileira de mais um pregão de enormes perdas. A Bovespa, seguindo o comportamento visto na Ásia e Europa mais cedo, chegou a tombar mais de 4,45% pela manhã, mas conseguiu recuperar-se e fechar em alta de 1,68%, aos 49.228,92 pontos. No mês, as perdas foram ligeiramente reduzidas, para 11,59% e, no ano, para 22,94%. O giro totalizou R$ 6,464 bilhões (preliminar).

O mercado cambial doméstico continuou sob efeito do processo de desmonte global de posições alavancadas e fechou com o dólar valorizado em relação ao real - mas longe das máximas do dia, quando o pronto atingiu R$ 1,8550 no balcão e R$ 1,852 na BM&F. No balcão, encerrou em alta de 0,33%, R$ 1,82. Na BM&F, o pronto subiu 0,66%, a R$ 1,819.

Os cotações chegaram a subir após o anúncio da manutenção dos juros nos EUA. "Como não houve (corte de juros), o mercado deu uma 'puxada' nas cotações. Mas, na seqüência, a moeda voltou ao nível anterior à decisão", disse Hélio Ozaki, gerente de câmbio no Banco Rendimento.

Após uma sessão volátil, os juros futuros desaceleraram a alta no fechamento dos negócios após reação negativa momentânea à manutenção dos juros básicos nos EUA. Na BM&F, o vencimento mais líquido continuou sendo o DI janeiro de 2010 (201.895 contratos), que encerrou estável em 14,63%. O DI janeiro de 2012 (108.410 contratos) subiu de 14,29% para 14,37%, mas chegou à máxima de 14,49% logo que foi conhecida a decisão de manter o juro em 2%. A taxa de redesconto também permaneceu em 2,25%. Nos curtos, o DI janeiro de 2009 (99.850 contratos) terminou quase estável, em 14,01%, de 13,99% ontem.

As condições mais delicadas do mercado após o pedido de concordata do Lehman Brothers, a venda do Merrill Lynch ao Bank of America (BofA) e os problemas de caixa da seguradora AIG levaram os investidores a apostarem, em uníssono, por um corte da taxa básica de juros pelo Federal Reserve. Mas, em seu encontro regular desta terça, ela não veio.

A reação imediata dos mercados foi aprofundar as perdas ou devolver os ganhos - dependendo do sinal em que se encontravam os ativos. Mas a segunda leitura acabou sendo positiva: de acordo com analistas, o Fed deu sinais de que sabe mais do que os outros e, por isso, não precisou cortar os juros para enfrentar o aprofundamento da crise.

Assim, na releitura, as bolsas subiram, nos Estados Unidos e também na Bovespa, ainda influenciadas pela iminência de um acordo para salvar a maior seguradora dos Estados Unidos. À tarde, os rumores eram de que o Fed injetaria dinheiro na instituição, mas a autoridade monetária recusou-se a comentar a informação. Mas, para o mercado, rumores são mais do que suficientes para mobilizar montagem ou zeragem de posições.

Outra notícia que também deu um certo alívio aos negócios hoje foi a de que o Barclays comprará a unidade de mercado de capitais do Lehman. O banco inglês era um dos que negociavam, no final de semana, a aquisição do quarto maior banco de investimentos dos EUA, mas declinou pela falta de ajuda financeira pelo governo norte-americano. Mas continuou a negociar para agora arrematar parte do ativo.

Com isso, Wall Street subiu mais de 1%. Dow Jones fechou em alta de 1,30%, aos 11.059,02 pontos, S&P avançou 1,75%, para 1.213,60 pontos, e o Nasdaq teve elevação de 1,28%, aos 2.207,90 pontos. As bolsas européias, que fecharam antes do Fed e dos rumores sobre AIG, não tiveram a mesma sorte e, seguindo a Ásia, tiveram mais um dia de perdas firmes. O mercado londrino fechou em queda de 3,53%, Paris perdeu 1,96% e Frankfurt caiu 1,63%.

Na Ásia, onde alguns mercados não funcionaram ontem por causa de feriado, as perdas foram igualmente graves. Na Bolsa de Hong Kong, o índice Hang Seng perdeu 5,44% e terminou aos 18.300,61 pontos, o pior fechamento desde 27 de outubro de 2006. Na Bolsa de Taipé, o índice Taiwan Weighted perdeu 4,9% e encerrou aos 5 756,59 pontos, o pior fechamento desde 28 de outubro de 2005. O índice Kospi da Bolsa de Seul, na Coréia do Sul, encerrou no menor nível desde março de 2007, com uma perda de 90,17 pontos, ou 6,1%, aos 1.387,75 pontos.

Antes que o mercado melhorasse, à tarde, alguns dos bancos centrais do mundo injetaram liquidez no sistema, para fazer frente à demanda por recursos pelas instituições financeiras. A ação aconteceu no Japão, Austrália, Europa, Suíça e Reino Unido, e também contou com a mão do Federal Reserve. O mesmo Fed que, à tarde, manteve o juro inalterado, alegando ainda preocupação com os riscos de inflação, embora tenha destacado sua preocupação com os temores econômicos que se intensificaram com o colapso do Lehman.

Agora, o mercado vai aguardar um desfecho para o AIG, que tem que sair até amanhã, segundo analistas. "Se isso não acontecer, o estresse volta e a crise se agravará de novo", comentou um gestor de renda variável em são Paulo.

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