
A ofensiva do governo federal pela redução dos juros bancários e os cortes da taxa básica, a Selic, começam a gerar resultados. Levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostrou que a taxa média para pessoa física, em queda desde dezembro, caiu ao índice mais baixo em 17 anos: 6,25% ao mês. Dados do Banco Central referentes à semana do dia 24 de abril período em que entraram em vigor os primeiros cortes feitos por Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil apontam para uma diminuição geral no crédito pessoal e um recuo expressivo no custo do cheque especial da Caixa: na comparação com a semana do dia 26 de março, a média mensal passou de 7,73% para 4,41%.
Para analistas, isso mostra não só que mais pessoas estão tendo acesso às taxas mais baixas, mas também que está em curso uma mudança drástica no mercado financeiro. "A nova taxa única de cheque especial anunciada pelo Banco de Brasil hoje [ontem], de 3,94%, deve gerar um efeito cascata não só nas taxas das demais operações do próprio banco, mas de todas as outras instituições, já que não faz sentido o custo do cheque especial ser maior que o de outros empréstimos", avalia o economista Fábio Tadeu Araújo, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
Dentre as seis linhas de crédito à pessoa física pesquisadas mensalmente pela Anefac, apenas a taxa de juros do rotativo do cartão de crédito não mudou; as demais caíram. A taxa média do cheque especial caiu de 8,34% ao mês em março para 8,28% ao mês em abril. No mesmo intervalo, o custo do empréstimo pessoal em bancos baixou de 3,84% para 3,69%. No comércio, o consumidor encontrou taxa média de 4,87% em março e de 4,77% em abril. Os juros médios para quem buscou empréstimo pessoal em financeiras, por sua vez, diminuíram de 8,26% para 8,14%.
De acordo com a Anefac, a queda da taxa média de juros nas operações de crédito foi motivada pela redução no mês passado da Selic de 9,75% para 9% ao ano e pela maior competição no setor financeiro após os bancos públicos terem anunciados quedas das taxas aos clientes, em movimento acompanhado pelas principais instituições privadas. "Os maiores efeitos devem surgir a partir de junho, com a influência dos anúncios mais novos e de possíveis novas quedas na Selic", diz o vice-presidente da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira.
Onde investir
A expectativa de queda dos juros deve levar os investidores a apostar mais no mercado financeiro, prevê o professor de Finanças da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Pedro Piccoli. "Com a renda fixa em baixa, mesmo com as novas regras da poupança, o investidor que quiser algum resultado precisará se arriscar mais um pouco", diz.
Piccoli recomenda a compra de ações de empresas sólidas, que rendam bons dividendos, como as do setor de telefonia, concessionárias de rodovias e de energia. Mas é preciso manter esses investimentos por pelo menos três anos, ter sangue frio em um momento em que o mercado dá resultados, influenciado pelo cenário externo.



