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Acessibilidade

Legendas, o próximo desafio da tevê na internet

À medida que a internet se torna importante como fonte de entretenimento, cresce a pressão para que ela se torne mais inclusiva

Marlee Matlin, atriz premiada com o Oscar e surda desde a infância, tornou-se uma ativista em favor dos deficientes | Marlee Matlin/AFP
Marlee Matlin, atriz premiada com o Oscar e surda desde a infância, tornou-se uma ativista em favor dos deficientes (Foto: Marlee Matlin/AFP)

A atriz Marlee Matlin fez sucesso no programa "Dancing With the Stars" (que tem na "Dança dos Fa­­mosos" da Globo o seu equivalente nacional) há dois anos, ao usar a linguagem de sinais para dizer aos telespectadores "read my hips" (leiam meus quadris, um trocadilho em inglês com "leiam meus lábios"), em tradução livre. Mas quando Matlin, que é surda, visitou o site ABC.com para assistir uma reprise do show, ela não conseguiu, visto que os vídeos da emissora não possuem legendas em suas versões para web.

O uso de legendas closed caption é obrigatório na televisão americana, e praticado pelas emis­­soras brasileiras em seus principais programas – inclusive em muitos ao vivo. Mas o mesmo não se aplica à internet. Isso fez com que sites como o ABC.com se tornassem um campo de batalha para defensores da acessibilidade como Matlin, que ergueram suas vozes contra a falta de legendas em sites como a CNN.com e sites de serviços como o Netflix.

As empresas de mídia dizem que estão se empenhando para tornar os vídeos online mais acessíveis. O YouTube, site líder isolado na exibição vídeos do mundo, oferece legendas mais ou menos precisas, usando software de reconhecimento de voz. A ESPN ofereceu legendas closed caption nas suas transmissões ao vivo dos jogos da Copa do Mundo. E, depois dos apelos, a ABC disponibilizou em seu site ABC.com as versões legendadas de "Dancing With the Stars".

Contudo, para desânimo dos usuários surdos da web, ainda falta muito a ser feito no que se refere às legendas. Apenas como exem­­plo, episódios de séries disponibilizados no CBS.com, vídeos de notícias na CNN.com e clipes de entretenimento no MSN.com ainda não dispõem de legendas. Ou­­tros websites, como o NBC.com, possuem regras inconsistentes sobre legendas, visto que o programa "Ame­rica’s Got Talent" pos­­sui legendas, mas o show "The Mar­riage Ref" não.

Com a crescente popularidade dos vídeos online, os espectadores surdos enfrentam a perspectiva de uma internet parcialmente ina­­cessível. "Não queremos ficar para trás na transição da televisão para a internet", disse Rosaline Craw­ford, diretora do centro legal e de defensoria da Associação Nacional dos Surdos, nos EUA.

A Associação Americana de Perda Auditiva afirma que 36 milhões de americanos são afetados com a perda de certo grau de audição. Outros grupos, tais como as pessoas que estão estudando inglês, também se beneficiam das legendas closed caption.

Grupos como o de Crawford dizem que estão simplesmente lutando para manter o acesso à televisão conquistado há uma geração, em 1990, quando o Con­­gresso dos Estados Unidos determinou que virtualmente todos os aparelhos televisores possuíssem tecnologia para exibir legendas closed caption, e em 1996, quando o Congresso exigiu que todos os shows de tevê fossem transmitidos com legendas.

"Cada geração de tecnologia que surge parece estar um pouco atrasada em termos de acessibilidade", disse Larry Goldberg, diretor de acesso à mídia na WGBH, empresa afiliada a PBS.

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