Os boatos de que a Positivo Informática estaria sendo vendida a uma concorrente multinacional ganharam contornos um pouco mais reais na noite de ontem. De acordo com fontes próximas das negociações, representantes da Lenovo estiveram mais uma vez em Curitiba para pedir exclusividade no processo. A empresa chinesa disputa o negócio com a norte-americana Dell. Os compradores estariam dispostos a pagar R$ 20 por ação, o que daria um preço final de R$ 2 bilhões pela fabricante paranaense. Os controladores da Positivo, no entanto, querem um valor acima do negociado na oferta inicial de ações (IPO) algo entre R$ 25 e R$ 30, segundo as mesmas fontes. Nenhuma das companhias confirma os rumores.
Em meio às notícias sobre a possível venda, as ações da Positivo registraram forte valorização ontem na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). No início da tarde, chegaram a subir 125% em relação ao dia anterior, sendo negociadas a R$ 14. No fim do dia, porém, fecharam o pregão a R$ 9 com alta de 46,10%. Desde o fechamento da última sexta-feira, os papéis da empresa subiram 89%.
O assunto ganhou força com as declarações do presidente do conselho de administração da Lenovo, William Amelio, feitas na China. Em entrevista coletiva, ele afirmou que espera mais consolidação no setor. "Não há dúvida de que nesta situação econômica você verá consolidação na indústria de PCs", disse. O presidente-executivo, Yang Yuanqin, acrescentou que os mercados emergentes estão nos planos estratégicos de investimentos.
Questionada pela Bovespa, a Positivo enviou dois fatos relevantes para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nos dois últimos dias. Nos documentos, ela não nega nem confirma as informações apenas reitera "que não há qualquer ato ou fato relevante que deva ser divulgado ao mercado na forma da regulamentação em vigor". O banco UBS Pactual "vem assessorando a companhia a coordenar e organizar eventuais proposições feitas por terceiros".
Recuperação
Para Alan Cardoso, analista da corretora Ágora, como os preços das ações da companhia estão muito abaixo do seu real valor de mercado, os investidores esperavam um motivo para retomar a valorização dos papéis. Embora o assédio sobre a empresa não seja novidade, ele teria aumentado em função da queda dos preços das ações. Mesmo com a alta dos últimos dias, os papéis acumulam queda de 78% no ano.
Mas o caminho para a venda da empresa não é tão simples. O estatuto social da Positivo estabelece que o preço de venda teria que ter como base o maior valor definido por três análises. A primeira calculada por duas consultorias uma contratada pelo vendedor e outra pelo comprador. A segunda levaria em conta o seu valor patrimonial e a terceira o maior valor da ação nos 24 meses antes da oferta pública de aquisição de ações (R$ 47,15). Como o preço das ações está bem abaixo desse patamar, a empresa teria que fazer mudanças no estatuto com aprovação de dois terços dos acionistas ou, em último caso, optar pelo fechamento de capital, com o pagamento de prêmios pela compra dos papéis dos minoritários, que detêm 25% das ações.



