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Pensando nesta parcela expressiva da população, aposentada ou em vias de, o Sebrae elaborou uma pesquisa e uma cartilha sobre empreender na aposentadoria. | Bigstock
Pensando nesta parcela expressiva da população, aposentada ou em vias de, o Sebrae elaborou uma pesquisa e uma cartilha sobre empreender na aposentadoria.| Foto: Bigstock

Segundo o IBGE, a expectativa de vida do brasileiro é de 75,8 anos, sendo que entre 1940 e 2016 este número aumentou em mais de 30 anos. Só na última década, o número de idosos (pessoas com mais de 60 anos) aumentou em 50% e foi de 17 milhões, em 2007, para 26 milhões neste ano. 

“Com isso, a imagem do aposentado também muda. Não existe mais aquela ideia do velhinho de bengala, da senhorinha fazendo crochê. Estas pessoas ainda estão ativas. Pela primeira vez na história do mundo, as pessoas ganharam tempo de vida”, afirma Layla Vallias, cofundadora do Hype60+, empresa de marketing especializada no público sênior. 

Neste contexto do aumento da longevidade, muitos trabalhadores, ao se aposentarem, se percebem com tempo disponível, força de vontade e também necessidade de complementar a renda.

“O trabalho em nossa sociedade representa muito da nossa vida, da nossa personalidade, de quem a gente é. Quando se aposentam, muitos vão para casa e se deprimem”, diz Vallias. 

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Pensando nesta parcela expressiva da população, aposentada ou em vias de, o Sebrae elaborou uma pesquisa — o Perfil do potencial empreendedor aposentado —, na qual ouviu mais de 1,2 mil pessoas com mais de 50 anos, e uma cartilha sobre empreender na aposentadoria. Os números mostram que esta é uma opção para muitos brasileiros. 

Um em cada dez dos entrevistados que estão prestes a se aposentar disseram que desejam abrir seu próprio negócio nos próximos dois anos. “Geralmente são pessoas que nos procuram com um propósito de vida, desde ajudar os outros até aplicar o conhecimento que possuem em novos negócios, diferentes do que atuaram a vida toda”, conta a consultora do Sebrae-PR, Adriana Kalinowski. 

Segundo Liane Grassi, consultora de negócios e vice-presidente do Comitê de Empreendedorismo da Câmara Americana de Comércio, mesmo quem busca empreender por necessidades financeiras demonstra interesse em fazer o que gosta. 

“A busca do legado é muito importante para esta idade. Está é a grande diferença para o jovem, que quer fazer uma descoberta, um estardalhaço. A pessoa mais velha quer ser útil, deixar um legado”, diz. 

A maturidade e o conhecimento adquirido ao longo dos anos também ajudam que as decisões tomadas sejam mais assertivas. “Eles não costumam a agir por impulso como os jovens. Inclusive, quanto antes começarem a se planejar para a aposentadoria, melhor. Se daqui 10 anos você vai se aposentar, comece já a pensar o que você quer fazer depois disso”, aconselha Kalinowski.

Por onde começar para empreender na aposentadoria

Segundo as especialistas, a primeira coisa a se fazer é pensar quais são suas habilidades e conhecimentos. “O maduro muitas vezes não percebe, mas ele sabe muito e tem muito para entregar não só como empresário, mas para a sociedade como um todo. Eles já passaram por muita coisa, diferentes governos e momentos da nossa história, viram tecnologias surgirem e desaparecerem, e todos estes anos de experiência contam muito na hora de abrir um novo negócio”, afirma Vallias. 

Procurar mentoria ou coaching é um primeiro passo importante, que ajuda a revisitar e identificar expertises e perceber se há, ali, um perfil para empreender. 

“Muitos trabalharam a vida inteira desenvolvendo uma mesma habilidade. É importante saber identificar o que sabe e gosta de fazer, e partir daí começar com o que se sente mais confortável, o que tira de letra, e ir se aprofundando no que precisa aprender”, orienta Vallias. 

De acordo com Grassi, neste período é interessante fazer uma análise Swat de todas as partes da vida: da física e espiritual à profissional e financeira. “É importante ver os papéis que você desempenha em sua vida e ali verificar onde pode melhorar, onde gostaria de estar e o que gostaria de ser. Todas as pessoas tem sonhos e vontade de realizar, e se não buscamos vão nos perturbar o resto da vida”, diz. 

Outro ponto importante é ativar a rede de contatos, que é inclusive um diferencial para estes aposentados. “Durante todos os anos que trabalhou, com certeza ele formou uma grande rede de contatos e muitas vezes não sabe o quanto isso pode ajudá-lo a fazer uma boa pesquisa de mercado, ativar parcerias e buscar oportunidades. O jovem não costuma ter isso no início da vida profissional”, afirma Kalinowski. 

A internet pode ajudar bastante na hora de fazer contatos e dividir experiências. Existem grupos no Facebook e no Whatsapp, por exemplo, que funcionam como verdadeiras redes de apoio a estas pessoas, que trocam informações, conhecimentos e incentivos. 

“A linguagem do empreendedorismo costuma ser muito voltada aos jovens, o que acaba intimidando as pessoas mais velhas. Estas redes são boas oportunidades de compartilhar desafios e os ajudam a perceber que eles não estão sozinhos”, conta Vallias. 

Capacitação é essencial também depois da aposentadoria

Após o período de reflexão, com as habilidades e dificuldades identificadas, é hora de ir atrás de informações e conhecimento. “Cursos de planejamento de negócios, finanças, marketing, design. Tudo isso é importante que um empreendedor saiba. Muitos abrem sem o conhecimento do mercado em que desejam empreender, querem fazer algo completamente novo e não fazem uma pesquisa. Entender e conhecer o mercado é fundamental para ter sucesso”, orienta Kalinowski. 

De acordo com a pesquisa do Sebrae, 91% dos aposentados que desejam empreender afirmaram que, apesar do desejo, ainda não tomaram nenhuma providência a respeito disso. Segundo Kalinowski, não existe uma fórmula mágica como “Os 10 passos para empreender na aposentadoria”, e sim a necessidade de uma busca ativa por informações, conhecimento e capacitação.

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“Quanto antes começar esta busca, melhor. A pessoa consegue se organizar melhor, planejar o negócio com calma e se preparar financeiramente para isso”, afirma. “Depois de conhecer partes mais técnicas do empreendedorismo, como a parte de finanças e planejamento, é importante fazer um curso de gestão de pessoas”, orienta Kalinowski.

Além de cursos formais, existe muito material de qualidade disponível gratuitamente na internet, além de cursos livres e workshops. “Existem cursos voltados para a atualização de profissionais, em especial para o meio digital. Para este público isto é imprescindível, muitas vezes ficam com vergonha por não entenderem muito bem como funciona o mercado digital, mas não precisa ter. É um desafio e é preciso estar aberto a isso”, afirma Vallias.

Segundo Vallias, o empreendedor precisa entender quais são seus pontos fortes de conhecimento, mas não é necessário saber muito sobre tudo. “Ele precisa conhecer o suficiente de cada área para saber o que está acontecendo ao seu redor. Mas não precisa ser um especialista em tudo”, avalia. Para a parte digital, inclusive, ela diz que encontrar um sócio mais jovem pode ser uma boa opção. 

“Quando você tem um sócio a chance de dar certo é muito maior, é preciso saber no que você é bom e trazer sócios complementares para te ajudarem neste desafio. Claro que precisa estar aberto ao novo e aprender, mas na hora de botar a mão na massa, pode trazer gente boa que sabe mexer com estas ferramentas e que vão ajudá-lo”, diz. 

Eventos como o Hackaton, uma maratona em que os participantes são estimulados a prototipar soluções para problemas do mercado tecnológico, costumam reunir muitos jovens com estes conhecimentos e podem ser uma boa oportunidade para fazer contatos e conhecer novas pessoas. “A interação intergeracional é muito enriquecedora. Os jovens falam com muita naturalidade sobre ferramentas de tecnologia, e às vezes isso amedronta o sênior que não tem esta habilidade. Mas eles podem se juntar e com o conhecimento de cada um fazerem surgir boas parcerias”, diz Vallias. 

Os negócios mais procurados pelos futuros aposentados

De acordo com a pesquisa do Sebrae, 78,7% dos que querem abrir um novo negócio já sabem o que querem fazer. 59,6% destes desejam trabalhar com o comércio, em especial nos segmentos de alimentação (25,2%) e lojas de roupas e calçados (6,8%). 

Quem deseja investir nisso, deve estar atento a alguns detalhes e mudanças que ocorreram neste mercado nos últimos anos. “Hoje em dia, cada vez mais é valorizada a experiência. Os clientes buscam um local agradável, excelente atendimento e inovação”, orienta Kalinowski. 

Segundo Vallias, a troca do bem pelo valor mudou e os consumidores buscam, cada vez mais, facilidade e agilidade, aliados a um bom atendimento que cause uma experiência significativa. “Eles costumam ter o diferencial de serem bons em relacionamento com clientes, gostam de conversar, dão atenção. Mas é preciso estudar, principalmente com o advento do comércio digital, como as transações são feitas. Hoje em dia, por exemplo, não dá para só aceitar pagamento em dinheiro”, orienta. 

O setor de serviço aparece como a escolha de 30,1% destes possíveis novos empreendedores, muito por geralmente não exigir uma estrutura física para começar a trabalhar. Entre as atividades desejadas estão a consultoria (4,6%), serviços voltados à construção civil e reparo (2,8%). 

“É preciso estar atento à questão dos contratos. Muitos buscam esta alternativa porque não precisa ter estoque ou ponto físico, por exemplo, mas não significa que não existam despesas. É preciso ter um controle financeiro”, alerta Kalinowski.

Uma tendência recente é a economia compartilhada, que também tem sido opção para muitos aposentados que veem nestas novas formas de negócio uma maneira de complementar a renda e manterem-se ativos. Serviços como Uber e AirBnb têm sido bastante procurados. 

Dados do AirBnb mostram, por exemplo, que o número de anfritriões com mais de 60 anos mais que dobrou entre maio de 2015 e maio de 2016 e dos 70 mil cadastrados, 8 mil tinham este perfil. “É o público que mais cresce, porque além da renda extra, existe também a questão da sociabilização. Muitos aposentados se veem sozinhos, a imagem da casa da avó cheia é cada vez mais rara”, diz Vallias. 

Para Vallias, o importante é combater o preconceito com a idade, conhecido como idadismo, e não ter medo de enfrentar os desafios. “O Brasil tem muito o discurso de que somos um país jovem, do futuro, e tende a ignorar esta parcela da população que só tende a crescer. Pode estar nas mãos destas pessoas fazerem uma revolução, buscando criar negócios que prestem atenção às suas próprias necessidades”, finaliza. 

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Publicado por Vida Financeira e Emprego em Quarta-feira, 3 de janeiro de 2018
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