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Silvia Curioni saiu de Maringá, no Paraná, e criou uma startup de sucesso no Vale do Silício | Divulgação
Silvia Curioni saiu de Maringá, no Paraná, e criou uma startup de sucesso no Vale do Silício| Foto: Divulgação

Silvia ainda sonhava com a faculdade de psicologia quando suas amigas de escola resolveram criar um blog. Como tudo era mato, na internet do ano 2000, ela teve que aprender código HTML, e ali se apaixonou por programação. Foi o início de uma jornada que a levou de Maringá, no Norte do Paraná, para o Vale do Silício, nos Estados Unidos. Lá, ela e o marido criaram o aplicativo de culinária mais popular do EUA, depois vendido para o maior site de receitas do mundo. Agora, o casal trabalha em sua segunda startup.

Silvia Curioni e seu marido, Rafael Sanches, se formaram em Ciência da Computação pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Em dúvida entre começar a carreira em Curitiba ou em São Paulo, resolveram se mudar para a Itália, onde moravam os irmãos e parte da família dela. 

De lá para o Vale do Silício foi um pulo. A empresa de tecnologia em que Silvia trabalhava comprou uma subsidiária nos Estados Unidos, e a levou para fazer o treinamento da nova equipe. 

Quando chegou ao Vale, ela viu um ambiente muito aberto ao empreendedorismo. Mais do que isso, ela aos poucos conheceu, ficou amiga de pessoas comuns, como ela, que tinham trabalhado muito e criado coisas extraordinárias. E estava todo mundo disposto a conversar, trocar experiências. 

Era tudo muito empolgante, e Silvia e Rafael resolveram empreender. Criaram a Allthecooks, uma espécie de rede social de gastronomia, em que pessoas do mundo inteiro trocavam receitas suas, das suas famílias, regiões. Em 2012, a aplicação já era a mais popular dos Estados Unidos, no quesito gastronomia. 

A Allthecooks chegou a 25 milhões de downloads antes de ser vendida para o maior site de receitas do mundo. Os japoneses da CookPad começaram a expandir pelo mundo. A estratégia para entrar no mercado dos Estados Unidos foi adquirir a aplicação fundada pelos brasileiros. 

Silvia e Rafael falam sobre o Allthecooks, em vídeo de 2013 (em inglês)

"Quem não conhece a gente na intimidade acha que é uma coisa meio mágica. Estamos ricos e somos amigos do Mark Zuckerberg". Mas é tudo uma questão de trabalhar muito e estar no lugar certo. 

No auge da startup, eram 20 horas diárias para fazer um pouco de tudo na empresa. Silvia cuidava da parte burocrática, caixa, pagamentos, mas também programava toda a aplicação para iPhone. Seu marido era CEO, responsável pelos objetivos, vendas da empresa; além da programação para Android. 

O irmão de Silvia, que era sócio da empresa, cuidava da programação do servidor, que funciona como uma espinha dorsal da plataforma. "Mas era uma escolha nossa. Porque a gente queria ter uma empresa pequena e eficaz". 

Empreender de novo ou não: a grande decisão 

Por dois anos, Silvia trabalhou com os japoneses da Cookpad para integrar a Allthecook ao sistema deles. O dia fatídico, quando o aplicativo mudou de nome, chegou a ser noticiado pela empresa especializada norte-americana, que destacou como os usuários estranharam a mudança. 

A paranaense se viu diante de uma escolha: empreender de novo ou não? "Para o meu marido era uma escolha óbvia. Ele gosta de empreender, está no sangue, queria atingir mais milhões de pessoas". Mas para ela não estava nada claro. "Principalmente porque no meio tempo a gente teve um filho. Pensei: preciso de um trabalho mais estável, menos cansativo, sem tanto risco". 

Silvia já tinha decidido procurar uma vaga em alguma empresa de tecnologia, e ainda estava de licença-maternidade quando Rafael embarcou num novo projeto, fundado com seu antigo funcionário, Renato Peterman. A ideia a conquistou. 

Craft Log

Craft Log, nova startup do casal, tem um conceito similar ao da Allthecook: reunir projetos de pessoas do mundo todo. Mas não é restrito a culinária. Pode ser uma "receita" de carpintaria, como construir uma mesa ou uma piscina de pallets; de costura, ensinando a fazer roupinhas para bebê. Qualquer tipo de projeto. 

Desta vez as coisas são um pouco diferentes. A Craft Log pegou, de cara, um investimento de US$ 500 mil (o que é pouco, para padrões do Vale do Silício). O dinheiro foi contratar duas pessoas. Em pouco menos de um ano, o aplicativo já tem aplicativo para iPhone e web. A versão do Android está em beta (mas já está disponível na Google Play).

Este primeiro foi para ajeitar a casa. Colocar a Craft Log no ar, deixar crescer de forma orgânica, e avaliar se há interesse no mercado. Para o ano que vem a meta é crescer de forma acelerada, escalar a base de usuários. O time de fundadores da empresa é completo com Renato Peterman, engenheiro de software que também se formou pela UEM, e trabalhou com o casal na Allthecook.

A rotina tem sido um pouco diferente. Às 17h Silvia para o que está fazendo e vai buscar o filho na escola, em São Francisco, onde mora. Quando o pequeno cai no sono ela volta para a programação. Mas a lógica é a mesma: times pequenos e eficientes, e trabalho duro.

Também é um pouco diferente a forma como a comunidade do Vale enxerga a empresa. “A gente já fez uma empresa, cresceu e vendeu”, e isso é valorizado pela comunidade. Além disso, Silvia é aberta para quem busca por ela pedindo ajuda. “Até porque, quando chegamos aqui, estava todo mundo aberto para dar opinião, boa ou má. A gente retribui e faz o mesmo”.

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