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| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Após cair mais de 4% na segunda (28), a Bolsa brasileira voltou a subir nesta terça (29), interrompendo quatro sessões seguidas de perdas, impulsionada pela recuperação da Petrobras. O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas, avançou 0,95%, para 76.071 pontos.

No dia, o indicador chegou a subir mais de 2%, mas o índice foi barrado em parte pelo mau humor no exterior -Bolsas dos Estados Unidos e da Europa fecharam em queda forte com temores sobre o futuro político na Itália. Apesar da alta, o Ibovespa não conseguiu recuperar ganhos e fechar o acumulado do ano no azul: cai 0,43% em 2018.

“Hoje começamos o dia dando uma respirada, mas o problema na Europa arrastou o mercado europeu e levou o americano. Com isso, o Ibovespa não conseguiu se recuperar tanto”, diz Christian Lupinacci, analista de investimentos Terra Investimentos.

Para Leandro Martins, da corretora Modalmais, a alta no índice foi um movimento técnico, apoiado em parte em buscas por papéis que caíram muito nos últimos dias. “É um movimento com viés mais especulativo”, afirmou.

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As ações da Petrobras subiram 14,13% (preferenciais) e 12,38% (ordinárias), praticamente repondo as perdas do dia anterior, com a paralisação dos caminhoneiros dados sinais de dispersão. 

Pela segunda vez em menos de uma semana, o presidente da estatal, Pedro Parente, convocou analistas para tentar acalmar o mercado com relação ao risco de ingerência do governo nos negócios da companhia. Ele admitiu que a fórmula de cálculo do preço do diesel poderá mudar, mas disse confiar que a companhia manterá liberdade para definir margens de lucro e que as mudanças se restringirão ao óleo diesel.

O governo prometeu aos caminhoneiros que, após congelamento de 60 dias, o preço do diesel será reajustado mensalmente, e não mais diariamente, como prevê a política atual da Petrobras.Na segunda (28), dia seguinte ao anúncio, as ações da estatal despencaram mais de 14,6%.

Os analistas que participaram da conferência demonstraram preocupação com o aumento da interferência do governo na gestão da empresa. “O governo sempre ressaltou que não estava demandando mudança nas questões essenciais da política de preços. No entanto, não é segredo para ninguém que essa é uma empresa de controle e estatal e que eleições têm enorme influência”, disse Parente.

Petroleiros são nova preocupação imediata do mercado

Preocupa também o mercado a paralisação de petroleiros, anunciada para começar nesta quarta (30). “O mercado corrigiu hoje o exagero da queda de ontem. O cenário interno não mudou tanto, ainda se fala em paralisação dos petroleiros, em possível greve dos metroviários”, aponta Marco Tulli, da Coinvalores.

A Advocacia-Geral da União (AGU) e a Petrobras apresentaram nesta terça ao Tribunal Superior do Trabalho uma ação com pedido de liminar para evitar a greve.

Parente disse confiar que os empregados da Petrobras entendam o momento e não participem do movimento, que pede a redução dos preços dos combustíveis e a troca no comando da empresa.

Apesar dos sinais de que os protestos dos caminhoneiros caminham para um fim, o mercado deve continuar volátil nos próximos dias, aponta Martins, dada a piora na percepção do cenário político doméstico combinada com a avaliação de um efeito negativo da paralisação na econômica e nas contas públicas.

A agência de classificação de risco Moody’s afirmou também nesta terça que o corte de impostos e o subsídio do governo são fatores negativos para a avaliação de risco soberano do Brasil e enfraquecem as perspectivas fiscais de curto e médio prazo.

O CDS (credit default swap, termômetro do risco-país) disparou 9,25%, para 210,808 pontos. “A greve em si está reduzindo bem, só que ela vai deixar um rombo nas contas públicas, e isso o mercado enxerga com preocupação”, afirma Lupinacci.

Dólar continua pressionado pelo cenário externo

O dólar subiu pela quarta sessão consecutiva influenciado não só pelos impactos da crise nacional, mas também pela aversão geral a risco no exterior. O dólar comercial avançou 0,29%, para R$ 3,74. O à vista subiu 0,44%, cotado a R$ 3,737.

“O mercado está muito arisco nos últimos dias. E o feriado nos Estados Unidos na véspera deixa o mercado normalmente sem rumo. O tumulto externo e interno precificam o dólar com mais força”, diz Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

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“A preocupação do investidor é garantir que ele não terá prejuízo. O investidor começa a se questionar se o governo teve a habilidade do trato necessária para lidar com a greve por aqui, se os caminhoneiros querem só o que pediram ou se tem algo a mais. As suspeições acabam deixando o investidor preocupado”, completa.

No exterior, o dólar tinha forte alta ante outras moedas, e subiu para a máxima contra o euro desde julho de 2017, com a liquidação no mercado de títulos na Itália devido ao aumento das preocupações políticas.

Em meio ao nervosismo recente do mercado, o Banco Central anunciou na véspera que pretende continuar a fazer leilões de novos contratos de swap no fim de maio e também em junho, quando também vai rolar os vencimentos em julho.

Nesta manhã, o BC vendeu toda a oferta de até 15 mil novos swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, totalizando US$ 6,5 bilhões desde a semana retrasada, quando vendia por dia até 5 mil contratos.

Para  Lupinacci, os swaps tem efeitos pontuais. “A história mostra pra gente que o Banco Central não consegue influenciar na moeda por muito tempo”. “O patamar do dólar segue alto no exterior e não vejo sinal de reversão por aqui”, afirma.

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