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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse acreditar que, ainda em 2025, a venda de carne bovina brasileira ao Japão será resolvida. O petista confirmou que o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, deve enviar ao Brasil uma equipe de especialistas para inspecionar a segurança sanitária do país.
“Somos o maior produtor de carne no mundo. A carne brasileira tem muita qualidade e compete com qualquer carne de qualquer país. Muita qualidade, muita genética e livre de febre aftosa”, ressaltou o presidente durante entrevista coletiva no Japão. Lula disse estar satisfeito com a decisão do primeiro-ministro em enviar a missão sanitária.
O chefe do Executivo disse que pretende propor um acordo entre o Mercosul e o Japão, semelhante ao acordo fechado pelo bloco com a União Europeia. “Vou assumir a presidência do Mercosul no segundo semestre e, se depender de mim, vamos trabalhar para que haja um acordo Mercosul com o Japão”, disse.
Lula também afirmou que o Brasil deve fortalecer o fluxo comercial com os japoneses. “Em 2011, nós tínhamos um fluxo comercial da ordem de US$ 17 bilhões e esse fluxo caiu para US$ 11 bilhões. Queremos saber onde foi o desaparecimento desses US$ 6 bilhões, porque a economia do Japão é muito forte e a do Brasil tem crescido e achamos que é preciso retomar a relação comercial”, destacou.
“Não dá para ficar quieto”, diz Lula sobre “tarifaço” de Trump
Questionado sobre as tarifas comerciais impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Lula apontou que o governo americano deve medir as consequências das medidas. O mandatário disse que “não dá para ficar quieto” dianta das taxações e reforçou que o Brasil vai recorrer a Organização Mundial do Comércio contra as tarifas de 25% sobre aço e alumínio.
“Temos duas decisões: uma é recorrer à OMC, que nós vamos recorrer, e a outra é sobretaxar os produtos americanos que nós importamos e colocar em prática a lei da reciprocidade. Não dá para ficar quieto, achando que só eles tem razão, que só ele pode taxar seus produtos”, afirmou.
Para o petista, o tarifaço “será ruim para os EUA” e o protecionismo “não ajuda nenhum país do mundo”. “Não aceitamos a ideia de uma nova Guerra Fria entre Estados Unidos e China. Quanto mais liberdade, quanto mais comércio existirem, melhor será para os países”, disse Lula.
Novas viagens com os presidentes da Câmara e do Senado
Lula disse que quer a participação dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do senado, Davi Alcolumbre (União-AP), nas próximas viagens oficiais para “retomar a normalidade democrática do país”.
“Faço questão de toda vez que viajar convidar os presidentes da Câmara e do senado, já convidei muitas vezes o presidente da Suprema Corte [Luís Roberto Barroso], para a gente viajar junto e retomar a normalidade democrática do país”, disse.
O petista disse que os chefes dos Poderes “não precisam abrir mão das nossas divergências pessoais e ideológicas”, mas devem “assumir um compromisso de Brasil”.
Em mais um aceno ao Legislativo, Lula disse que o “presidente da República não tem sempre razão”. “Isso daqui para frente será um hábito. Eles só não viajarão comigo quando não quiserem”, afirmou.
Questionado sobre o motivo de levar os ex-presidentes das Casas na viagem ao Japão, Lula disse que “rei morto não é rei posto, rei é sempre rei”. Os ex-presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), acompanham Lula na agenda internacional.
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