Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Entrevista coletiva

“Deficiência cultural”: Lula critica desconto de imposto e defende taxação de ricos

Para Lula, tentativas de estender desonerações de impostos são uma "deficiência cultural" do Brasil.
Para Lula, tentativas de estender desonerações de impostos são uma "deficiência cultural" do Brasil. (Foto: André Borges/EFE )

Ouça este conteúdo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o volume de descontos de impostos concedidos pelo governo e a tentativa de setores da economia de estender desonerações tributárias, prática que ele classificou de "deficiência cultural" do país. O chefe do Executivo também defendeu a cobrança de 10% de Imposto de Renda de quem ganha mais de R$ 1 milhão ao ano.

"Nós temos um problema que é uma deficiência cultural no Brasil. Todo benefício que você dá para o setor produtivo, para os empresários, para que uma empresa possa se instalar num estado, para que a gente possa evitar crise econômica – e eu já fiz muito –, você dá por um ano, por dois anos… Quando você quer tirar, é muito difícil, as pessoas querem que seja permanente", disse Lula em entrevista coletiva nesta terça-feira (3).

VEJA TAMBÉM:

Segundo o presidente, o governo federal abre mão de R$ 800 bilhões por ano em impostos por meio de incentivos fiscais, enquanto "fica se matando" para cortar R$ 30 bilhões do Orçamento. Foi uma referência ao congelamento de verbas anunciado pela equipe econômica em 22 de maio, mesmo dia em que o governo comunicou o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Para Lula, o dinheiro que foi bloqueado "poderia ser tirado desses R$ 800 bilhões", mas "as pessoas acham que é um direito adquirido". "Do jeito que as coisas vão, é quase impossível fazer as políticas que tem que fazer para melhorar a qualidade de vida das pessoas que estão ainda deserdadas neste país, as pessoas do andar de baixo", afirmou.

Em sua fala, o presidente fez referência à desoneração da folha de pagamentos, que foi objeto de disputa entre governo e Congresso. Para ele, a medida – implantada no governo de Dilma Rousseff (PT) e prorrogada sucessivamente desde então – "desonerou a parte mais rica da sociedade e não gerou um emprego, não gerou uma estabilidade para um trabalhador".

Após idas e vindas, o Congresso aprovou no ano passado um cronograma de reoneração da folha salarial de 2025 a 2028. A contribuição previdenciária voltou a ser cobrada neste ano, com alíquota de 5%, e será elevada gradualmente até retornar aos 20% originais.

VEJA TAMBÉM:

"O cara ganha R$ 1 milhão e não quer pagar 10%", diz Lula sobre reforma do Imposto de Renda

Na entrevista coletiva, Lula também disse que contribuintes que ganham mais de R$ 1 milhão por ano estão preocupados porque o governo propôs, na reforma do Imposto de Renda, a cobrança de um imposto mínimo sobre os mais ricos, que pode chegar a 10%.

"Estamos isentando as pessoas que ganham até R$ 5 mil por mês, e vai ter que cobrar de quem ganha mais de R$ 1 milhão. O cara que ganha R$ 1 milhão ou mais e vai pagar 10% não quer pagar. Assim a gente não consegue construir um país de classe média", continuou o presidente. Segundo ele, o Brasil tem de ser governado para todos, e não "para apenas 35% da população, que tem um poder de compra razoável".

Lula deu as declarações ao responder uma pergunta sobre a cobrança de IOF nas operações de "risco sacado" – quando o banco adianta à empresa dinheiro que ela tem a receber de clientes. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), cobra o governo a revogar imediatamente a taxação sobre essa modalidade de crédito.

O próprio Motta tem defendido a redução de incentivos tributários entre as alternativas ao aumento de impostos. “O Brasil não aguenta mais as isenções fiscais que o país tem”, disse o presidente da Câmara na semana passada.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.