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Vestuário

“Made in Brazil” precisa ganhar força

Indústria da moda nacional tem escala, mas empresários têm de investir em planejamento para disputar mercado global

Como explicar o fato de o Brasil ser o 6º maior produtor têxtil do mundo e ainda assim figurar entre os países com o pior faturamento em exportação de vestuário? Segundo a consultora da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e do Vestuário (Abit), Geni Ribeiro, o fenômeno pode ser justificado, em parte, pelo período de pouca abertura comercial do país, que durou até o início da década de 90.

"O mercado interno estava aquecido, a ponto de a produção de vestuário não ser suficiente nem mesmo para atender sua própria demanda. Ninguém pensava em internacionalizar seus produtos e investir no mercado externo. Mas o mundo foi caminhando e o Brasil, que não se preocupou em fazer acordos internacionais de livre comércio, acabou ficando para trás", analisou Geni, em palestra voltada aos empresários da moda durante a 3ª edição do Paraná Business Collection (PBC).

A consultora afirma que os efeitos do isolamento ecoam até os dias atuais. Embora a cadeia têxtil nacional seja bastante ampla – com 30 mil empresas que geram cerca de 1,7 milhão de empregos diretos e capacidade para produzir 8,2 bilhões de peças por ano, de acordo com o Instituto de Estudos e Marketing Industrial –, ela ainda perde para países como Honduras, Colômbia e Peru em volume de exportações para os Estados Unidos.

Para driblar o "atraso" em relação aos demais mercados produtores – que se soma a outros obstáculos, como a questão cambial e a alta carga de impostos sobre a produção – ela sugere preparação estrutural aliada à gestão estratégica, visão de negócios e desenvolvimento de identidade própria. Resumindo, a indicação cabe basicamente em uma palavra: planejamento. "Ainda falta mentalidade exportadora e visão de mercado ao empresário de moda brasileira", constata.

Planejamento é, inclusive, a estratégia da marca Lucia Figueiredo, participante do showroom de negócios do PBC, que exporta há 10 anos e vende, atualmente, para 27 países. "O grande trunfo é pensar a longo prazo. Não adianta pensar hoje e tentar exportar amanhã que não dá certo", avalia Ivana Cabral, responsável pela marca.

Segundo Ivana, é preciso, também, criar diferenciais para conquistar o mercado internacional. "Não adianta tentar competir com os produtos chineses, vendendo em quantidade, porque uma calça que aqui custa R$ 100, lá eles fazem por R$ 15. É preciso vender um produto diferenciado, com valor agregado. Temos que vender o Brasil, e não um jeans feito no Brasil."

Nesse sentido, Geni cita o exemplo da Itália, um dos principais exportadores de vestuário do planeta. "A Itália desenvolveu um sistema integrado de cadeia de moda que possibilitou a criação de uma marca-país, agregando valor ao produto made in Italy," afirma.

Serviço

Acompanhe o dia a dia do Paraná Business Collection no blog Eu visto o Paraná (www.gazetadopovo.com.br/euvisto)

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