
O processo de ascensão da classe média brasileira deve continuar pelos próximos anos. Até 2014, a expectativa é de que pelo menos 15 milhões de pessoas migrem da classe D para a C, resultando em novas oportunidades para os empresários. Esse foi o cenário debatido ontem, em Maringá, durante mais uma edição do Papo de Mercado, evento realizado pela Gazeta do Povo e pela RPC TV.
O economista Fábio Araújo, consultor da Brain Bureau de Inteligência Corporativa, destacou que a classe C no Brasil já responde pela metade da população. Entre 2003 a 2009, a classe média saltou de 37% para 51% dos brasileiros, ou seja, de 66 milhões para 94 milhões de pessoas, graças a fatores como a expansão do emprego formal e os aumentos do salário mínimo.
Seguindo a tendência apontada nos últimos levantamentos, a expectativa é que a ascensão social continue. "É possível que nos próximos cinco anos a classe E deixe de existir de maneira significativa. Já daqui a dez anos vamos ser um país basicamente de classes A, B e C", prevê.
Gasto parcelado
Araújo ressaltou ainda que a nova classe média costuma gastar tanto quanto a classe B, mas de forma parcelada. "Os consumidores emergentes querem viver e consumir como classe B. Com as prestações, eles estão adquirindo bens de consumo duráveis, veículos, imóveis. Posteriormente, passam a usar mais serviços como os voltados para a área da saúde e do turismo. Esse comportamento tende a aumentar, e as empresas precisam aproveitar as oportunidades de negócios que essa parcela da população passou a demandar."
Para o engenheiro civil Domingos Bertoncello, diretor dos shoppings Avenida Center Maringá, Avenida Center Dourados e Avenida Fashion, o crescimento da classe C foi extremamente importante para o setor. "No Brasil todo, são poucos os shoppings que podem se dar ao luxo de dizer que são designados para as classes A e B. De uma maneira geral, o shopping sempre dependeu da classe C para ter fluxo, consumo variado e mix de lojas".
Para atender a esse grupo, Bertoncello defende que as empresas invistam na diversificação e qualidade dos serviços. "As lojas de confecções e calçados são o forte dos shoppings, mas para vender tem que ter de tudo. Se a classe C esta indo aos shoppings é porque este publico é exigente", ressaltou.
O Papo de Mercado é realizado em Curitiba desde 2004. Neste ano, está sendo levado também a cidades do interior do Paraná e, além de Maringá, já passou por Ponta Grossa e Foz do Iguaçu. A próxima rodada acontece em Londrina, no dia 17.



