• Carregando...
Unidade da GVT no Jardim Botânico Corporate: empresa está suscetível a reestruturações na administração e no efetivo. | Antônio More/Gazeta do Povo
Unidade da GVT no Jardim Botânico Corporate: empresa está suscetível a reestruturações na administração e no efetivo.| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

A divulgação do balanço do segundo trimestre da Telefônica Brasil, na semana passada, representou um ponto crucial na trajetória de 15 anos da GVT: pela primeira vez, os resultados financeiros da operadora e da Vivo foram apresentados juntos, sedimentando a conclusão de operação de compra da empresa curitibana. Se os benefícios da aquisição se tornaram ainda mais evidentes para a Telefônica –o número de acessos em comparação ao mesmo período do ano passado aumentou 4% no país, somando 106,4 milhões, e a receita operacional líquida subiu 5,4%, atingindo R$ 10,4 bilhões –, o futuro da GVT em Curitiba ainda permanece incerto, com a empresa suscetível a reestruturações na administração e no efetivo.

INFOGRÁFICO: confira a divisão do mercado de telefonia no país

O que já se sabe é que a marca GVT vai sair do mercado no próximo ano –a data divulgada pelo novo presidente da Telefônica Brasil, Amos Genish, é 1º de abril. Haverá um só portfólio de produtos, assim como uma conta única, em nome da Vivo. A empresa garante que, na prática, os planos da GVT já contratados pelos clientes não passarão por qualquer mudança no preço ou serviços prestados.

“Esta transição vai ser feita de maneira transparente e vamos informar os consumidores de cada passo que daremos ao longo do tempo. Uma das principais provas de que a cultura da GVT permanecerá é a própria permanência do Amos (ex-presidente da GVT) e de outros executivos na Vivo”, afirma o vice-presidente de Marketing para a área de serviços fixos da Telefônica Vivo, Ricardo Sanfelice (que, por sua vez, também veio da GVT).

Um dia após Vivo “declarar guerra” ao WhatsApp, TIM lança promoção para o aplicativo

Nova oferta inclui um pacote diário de 50 MB para uso do aplicativo por R$ 0,40 por dia

Leia a matéria completa

Enxugamento

A principal preocupação dos funcionários e de entidades de classe é que a dança das cadeiras não fique restrita aos diretores, como é comum em processos de aquisição de empresas. Sozinha, a GVT possui cerca de 18 mil funcionários, sendo que, destes, 9,3 mil estão no Paraná. A opção de fugir da terceirização e concentrar serviços inchou o efetivo da empresa ao longo do tempo – só em Curitiba, são 1,7 mil funcionários no call center, 800 técnicos de campo e outros 2,7 mil colaboradores alocados na sede administrativa no Jardim Botânico Corporate, em uma área alugada de 12 mil metros quadrados.

O número total de funcionários da GVT é pouco menor do que o efetivo direto da Vivo até o ano passado, que somava 18,4 mil pessoas. Apesar de destacarem uma sinergia esperada de R$ 2 bilhões ao ano após a aquisição da GVT, executivos da Telefônica Brasil evitam falar – pelo menos abertamente – sobre cortes de pessoal. Semana passada, o vice-presidente financeiro da companhia, Alberto Aguirre, afirmou que “ao longo do ano trabalhamos para conseguir maiores níveis de produtividade e qualidade de serviços”, acrescentando que “podemos fazer igualmente bem com menos recursos”.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico após a divulgação do balanço conjunto, Genish foi na linha contrária e afirmou que a operadora pretende contratar , ao longo dos próximos 12 meses, 2 mil pessoas, que assumirão o espaço dos terceirizados da Vivo.

Executivo da Vivo diz que estruturas serão preservadas “ao máximo”

Uma possível reestruturação do efetivo da GVT em Curitiba se soma às recentes preocupações com o destino de funcionários do HSBC com a venda para o Bradesco, anunciada nesta segunda-feira (3). A prefeitura, no entanto, não divulga dados sobre a participação da operadora no caixa do município – no caso do HSBC, o cálculo é que o banco, sozinho, responde por 8,5% da arrecadação de Imposto Sobre Serviços (ISS) da cidade.

O vice-presidente de Marketing para a área de serviços fixos da Telefônica Vivo, Ricardo Sanfelice, defende que o quadro qualificado de funcionários e executivos da GVT foi um dos pontos que reforçaram o interesse da Telefônica Brasil em adquirir a operadora. “Há uma intenção clara de se preservar ao máximo as estruturas, a organização, as pessoas, não só em Curitiba, mas em todo o país”, reforça Sanfelice.

Para o presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude, é improvável que a Telefônica faça mudanças bruscas na estrutura da Vivo e GVT em curto prazo. “O que podemos esperar, até pelo fato do Amos [Genish, ex-presidente da operadora paranaense] ter assumido a direção da Telefônica, é que isso se traduza numa nova dinâmica para a Vivo, principalmente em São Paulo, onde ele pretende trazer práticas e soluções que adotava na GVT”, afirma.

Aquisição impulsiona presença da Vivo no segmento fixo

A aquisição da GVT tem como principal missão impulsionar a atuação da Telefônica Brasil no segmento fixo, área em que a Vivo fica bem atrás das concorrentes (veja infográfico). No segundo trimestre do ano, já considerando os serviços da GVT, a Telefônica Brasil registrou um total de 23,7 milhões de acessos fixos. Os principais incrementos foram o aumento de 6% na base de usuários de banda larga fixa e 22% no número de acessos de TV por assinatura – justamente os pontos fortes da GVT.

“A Vivo é muito forte em telefonia celular, enquanto a GVT é forte dentro do domicílio. Uma complementa a outra, é boa em algo que a outra não é. Há algumas fusões que ocorrem simplesmente para a empresa resultante aumentar de tamanho e que implicam em perdas, mas, nesse caso da aquisição da GVT, é muito diferente”, afirma o diretor da CVA Solutions, Sandro Cimatti.

Atualmente, um projeto piloto em Curitiba e outras três capitais já coloca promotores da GVT oferecendo serviços da operadora em lojas próprias da Vivo. Um dos novos carros-chefe da empresa é a banda larga fixa “ultraveloz”, com planos de 100 Mbps, 200 Mbps e 300 Mbps para pessoas físicas, por meio de fibra ótica direto na casa do cliente – a opção está disponível por enquanto em Curitiba, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Araraquara e São Paulo (SP), a partir de R$ 119.

Para o presidente da Teleco, Eduardo Tude, o fato de a Telefônica Brasil abandonar o nome GVT não significa que a “herança” da empresa paranaense vá se perder – estudo da CVA divulgado mês passado mostrou a GVT em primeiro lugar no quesito “força de marca” em telefonia fixa e banda larga fixa. “A mudança de marca é inevitável, porque uma empresa não pode ficar com dois nomes, isso confunde o consumidor. E Vivo, no Brasil, é uma marca mais forte do que GVT, por causa da sua abrangência em telefonia móvel. O que vai ocorrer agora é todo um trabalho para que essa transição ocorra de forma gradual”, prevê Tude.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]