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Menos emprego levanta dúvidas sobre saúde econômica dos EUA

Relatório do governo divulgado nesta sexta mostra saldo positivo de apenas 38 mil vagas criadas, um quarto do esperado

Sede do Fed, o banco central dos EUA: taxa de criação de vagas  tende a reverter tendência de alta de juros. | Karen Bleier/ AFP
Sede do Fed, o banco central dos EUA: taxa de criação de vagas tende a reverter tendência de alta de juros. (Foto: Karen Bleier/ AFP)

As empresas americanas reduziram abrupta e inesperadamente a criação de empregos em maio, jogando um balde de água fria na expectativa de que o Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, endureça sua política monetária, aumentando a taxa de juros. Um relatório do Departamento do Trabalho mostrou, nesta sexta-feira (3), que a economia dos Estados Unidos criou um saldo positivo apenas 38 mil empregos, quase um quarto do que se esperava. Essa quantidade é a mais baixa desde setembro de 2010, quando o mercado se contraiu.

Junto com as revisões para baixa dos dados dos dois meses anteriores, o que implicou 59 mil postos a menos do que os relatados inicialmente, o informe estremeceu a generalizada imagem de que a economia dos Estados Unidos estava se recuperando de um primeiro trimestre ruim.

A boa-nova é que, apesar de tudo, o desemprego continuou caindo a 4,7% em maio, contra 5% do mês anterior. Trata-se do índice mais baixo desde novembro de 2007.Esses dados surgem, porém, de uma volátil pesquisa de lares, que mostrou uma queda no tamanho da força de trabalho. Isso é visto como uma notícia ruim para uma economia que, supõe-se, está crescendo a uma taxa anual de 2,5%.

Freio no Fed?

O relatório foi divulgado a menos de duas semanas da reunião do Comitê de Política Monetária do Fed (FOMC) e praticamente acabou com a certeza de que se decida, neste mês, o aumento das baixíssimas taxas de juros pela primeira vez desde dezembro.

Confiantes na ostensiva força então demonstrada pelo mercado de trabalho, os membros do Fed - incluindo sua presidente, Janet Yellen – deixaram claro nas últimas semanas que as condições já estavam dadas para endurecer a política monetária em junho, ou julho.

Junto com a incerteza gerada pelo referendo de 23 de junho, no qual a Grã-Bretanha decide se deixa a União Europeia (a chamada “Brexit”), os analistas acreditam em que o informe sobre o emprego jogue por terra qualquer expectativa de que as taxas sejam aumentadas na reunião do FOMC. Esse encontro está previsto para acontecer em 14 e 15 de junho.

“É estranho que tenha havido um informe de emprego tão capaz de fazer mudar a política do Fed, como esse”, tuitou Justin Wolfers, da Universidade de Michigan. “Incerteza pelo Brexit + enfraquecimento doméstico = Esperar”, completou. “A alta (das taxas) em junho morreu. A de julho está gravemente ferida”, ironizou Ian Shepherdson, da Pantheon Economics.

Shepherdson disse que a surpreendentemente baixa criação de empregos – quando analistas esperavam 155.000 – reflete uma confluência de fatores. Entre eles, mencionou uma prolongada greve no gigante americano das telecomunicações Verizon, assim como uma virada tardia para a cautela das empresas, após um primeiro trimestre muito ruim para o mercado de ações.

“A boa notícia é que isso não deve durar muito. O número de desempregados não mudou”, advertiu. Além disso, completou, pesquisas mostram que as empresas planejam continuar contratando pessoal este ano. Um dado do informe que contribui para o desemprego é que os salários continuam aumentando e subiram 2,5% em 12 meses. Salários mais altos restringem o mercado de trabalho.

Ainda admitindo as debilidades apontadas pelo informe, o presidente do Conselho de Assessores da Casa Branca, Jason Furman, ressaltou que, desde o início do ano, a média de novos empregos é de 150.000 por mês. Isso “está bem acima do ritmo de que se precisa para manter uma taxa de desemprego baixa e estável”, afirmou.

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