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O estilo ambientalmente correto dos produtos orgânicos, até poucos anos atrás, lembrava o ideal "hippie" e estava restrito a pequenos círculos de iniciados – herdeiros dos anos 70 ou pessoas muito preocupadas com os efeitos dos alimentos sobre o corpo. Hoje, o que era alternativo ganha os contornos da economia de mercado e registra crescimento de 20% ao ano. Nos Estados Unidos e na Europa, gôndolas das maiores redes de supermercados oferecem versões sem aditivos químicos de centenas de itens, principalmente alimentícios. Para quem acompanha esse segmento, é certo que o Brasil seguirá o mesmo caminho – os orgânicos ganham espaço nas prateleiras com produtos que vão da trivial cenoura até cosméticos sofisticados.

A grande vantagem para quem escolhe fornecer para esse mercado é bem capitalista: seus preços são em geral de 20% a 50% mais altos do que seus similares "aditivados". A diferença compensa o custo de produção mais alto, fruto da adoção de normas rígidas estabelecidas por órgãos que certificam os produtos dignos de receber o selo de orgânico. Não é admitido o uso de agrotóxicos, adubos químicos, sementes transgênicas, conservantes e hormônios. Na pecuária, os animais precisam ser alimentados com ração também livre de agentes químicos. A transformação das matérias-primas em produtos industrializados também não pode ser feita com o uso de substâncias que não sejam naturais.

A região metropolitana de Curitiba (RMC) virou um pólo produtor de orgânicos no Paraná, após a disseminação da esperança de lucros maiores nesse segmento. De acordo com dados da Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-PR), há dois anos existiam 375 horticultores orgânicos na região. Hoje, são 551, um crescimento de 47%. Um dos incentivos para a mudança é que mais da metade dos municípios da RMC estão em alguma categoria de proteção ambiental e, portanto, possuem restrições legais para a produção convencional.

A quantidade de alimentos produzidos também está aumentando no estado. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), na safra 2003/2004 foram colhidas 66 mil toneladas de produtos orgânicos no Paraná. Para a safra 2004/2005, a estimativa é de que o total chegue a 85 mil toneladas. "No começo é difícil, mas com o tempo os custos para o produtor acabam ficando menor, o que aumenta os lucros", comenta o técnico do Deral, Maurício Lunardon.

No Paraná, também existe a pecuária orgânica. Os animais não ficam confinados em espaços pequenos, só comem produtos orgânicos, são tratados com homeopatia e só tomam as vacinas obrigatórias. Existem ainda iniciativas em piscicultura orgânica.

Em outra frente, artigos para perfumaria e higiene, como cosméticos, xampus e sabonetes também começam a aparecer por aqui. "Dá até para fazer uma lavanderia orgânica, com detergentes que não agridem o meio ambiente", conta o consultor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Ricardo Dellamea. "O produtor não pode achar que é só plantar da maneira orgânica que vai ganhar mais. É preciso agregar valor ao produto e criar um diferencial", completa Dellamea.

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