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Lava Jato

Mercado tem R$ 7,6 bi em papéis das empresas

A pesquisa levou em conta as posições de carteiras de fundos, com base na lista de 23 fornecedores divulgada pela Petrobrás em 30 de dezembro

As empresas dos grupos econômicos com os quais a Petrobrás suspendeu negócios temporariamente por terem sido citadas como integrantes do cartel investigado na operação Lava Jato, da Polícia Federal, têm papéis no valor de R$ 7,65 bilhões em poder do mercado doméstico. É o que mostra levantamento da consultoria Economática, elaborado a pedido do Estado.

A pesquisa levou em conta as posições de carteiras de fundos, segundo informado por seus gestores à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A base foi a lista de 23 fornecedores divulgada pela Petrobrás em 30 de dezembro.

Os números mostram que quase metade desses papéis, ou R$ 3,7 bilhões, está em poder da Caixa. O restante está pulverizado em outras 35 instituições financeiras de portes variados.

O Estado apurou que a Caixa não tem preocupação em relação a essa exposição porque, segundo uma fonte do banco, a maior parte refere-se a financiamentos cuja garantia é o próprio empreendimento, o chamado "project finance". Essas operações são diferentes do "corporate finance", que é o empréstimo direto às empresas. Os financiamentos, segundo a fonte, foram concedidos em consórcio com outros bancos, como BNDES e Banco do Brasil. Ou seja, o risco não é apenas da Caixa, que emite as debêntures (papéis de dívida privada).

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, encomendou um mapeamento dos volumes e prazos de vencimento dos papéis das empresas investigadas, como informou ontem (16) o Estado. Depois que a OAS, uma das investigadas na Lava Jato, deixou de honrar pagamentos de juros de alguns de seus títulos, surgiu o temor com a descoberta de outros casos semelhantes.

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O único caso de falta de pagamento até o momento foi o da OAS. Mas outras investigadas tiveram suas notas de crédito rebaixadas pelas agências de classificação de risco. É o caso da Mendes Júnior, Queiroz Galvão, Galvão Participações e Galvão Engenharia além da própria OAS.

As captações em bônus e ações das empresas são uma parte menor do que essas companhias devem na praça. A maior parte da dívida está em bancos. Uma estimativa que circula no governo dá conta de um endividamento total próximo de R$ 130 bilhões - poderia chegar a R$ 400 bilhões quando consideradas as operações no mercado externo. É um valor elevado, cuja eventual contaminação o governo quer evitar.

Fontes de mercado informam que as investigações da Lava Jato afetaram as empresas de forma heterogênea. Enquanto a OAS amargou uma desvalorização em que cada R$ 100 passaram a valer cerca de R$ 15, outras empresas tiveram quedas mais amenas - caíram de R$ 100 para R$ 85, por exemplo. Isso é considerado razoável num quadro como o atual. Porém, é um indicativo de dificuldade de crédito.

Por outro lado, as subsidiárias dessas companhias no exterior ainda não enfrentam problemas para captar recursos. Assim, essa poderia ser uma alternativa para fortalecer o caixa dessas companhias.

No Brasil, é grande a preocupação com os desdobramentos da Lava Jato. O drama mais imediato é com o balanço do terceiro trimestre de 2014 da Petrobrás, ainda não divulgado - deve ser analisado pelo conselho de administração no dia 27.

A estatal corre o risco de ser declarada inadimplente se não divulgar os dados até o fim de janeiro. É o chamado "default técnico", que pode acarretar punições como o vencimento antecipado de dívidas. Na avaliação de uma fonte do mercado, isso agravaria a crise de crédito.

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