
O mercado da dívida da zona do euro ignorou os renovados esforços do Banco Central Europeu (BCE) para apoiar os bônus dos governos italianos e espanhóis. Ontem, a Espanha foi forçada a pagar yields (retornos ao investidor) recordes desde o início da era do euro. O Tesouro do país realizou um leilão de bônus de dez anos no qual vendeu 3,563 bilhões de euros. Mas o yield máximo pago foi de 7,088%, o maior nível desde a introdução do euro.
Ao fim do leilão, o yield médio ficou em 6,975%. Grécia, Portugal e Irlanda perderam acesso ao financiamento do mercado e precisaram buscar pacotes de ajuda após serem forçados a pagar yields de mais de 7% em leilões de seus bônus de dez anos. O resultado ocorre a três dias de o país realizar eleições gerais, no domingo.
O custo para assegurar a dívida soberana da Espanha também atingiu uma nova máxima ontem, subindo 29 pontos-base (para 496) após o leilão de títulos, disse a Markit. O swap de default de crédito (CDS, na sigla em inglês) dos bônus de cinco anos da Espanha quebrou o nível recorde de fechamento de 476 pontos-base, registrado em 15 de novembro o CDS é uma espécie de "seguro contra calote" que os investidores compram para se proteger contra defaults de governos.
"Ataque"
Vários países da zona do euro estão sob "ataque sistêmico" contra suas dívidas, mas a Espanha não corre o risco de necessitar um pacote de ajuda, afirmou ontem a ministra das Finanças, Elena Salgado. Ela disse que a sustentabilidade da Espanha está fora de dúvida, apesar do resultado do leilão de ontem. Os custos de empréstimos da França também subiram, quando o governo vendeu 6,98 bilhões de euros de bônus de prazo médio.
A estrategista de mercado da BG Partners, Louise Cooper, listou o aumento nos custos para empréstimos de França, Espanha e Itália. "O furacão está se aproximando", advertiu. A Fitch advertiu ontem que, se os yields dos bônus da Itália ficarem no mesmo patamar de alta, isso "deixaria a dívida pública do país em um caminho insustentável". A agência de rating notou que é fundamental para a Itália manter acesso ao mercado.



