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Crise na Europa

Merkel oferece apoio à Grécia em meio a fortes protestos sociais

Chanceler chegou a uma Atenas em grande parte bloqueada e protegida pela polícia, com mais de seis mil agentes e franco-atiradores desdobrados pela cidade para evitar incidentes

Homem pelado corre por uma rua de Atenas em protesto contra a visita da chanceler alemã Angela Merkel à Grécia nesta terça-feira | AFP PHOTO /ARIS MESSINIS
Homem pelado corre por uma rua de Atenas em protesto contra a visita da chanceler alemã Angela Merkel à Grécia nesta terça-feira (Foto: AFP PHOTO /ARIS MESSINIS)
Milhares de policiais se espalharam por toda a capital grega para criar uma zona de segurança para a reunião com a chanceler alemã |

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Milhares de policiais se espalharam por toda a capital grega para criar uma zona de segurança para a reunião com a chanceler alemã

A chanceler alemã, Angela Merkel, ofereceu nesta terça-feira (9) em Atenas seu apoio ao governo do conservador Antonis Samaras e a seu programa de reformas e medidas de austeridade, enquanto na rua os gregos se manifestavam contra ambos líderes e suas políticas econômicas.

Merkel chegou a uma Atenas em grande parte bloqueada e protegida pela polícia, com mais de seis mil agentes e franco-atiradores desdobrados pela cidade para evitar incidentes e percalços à líder alemã, cuja visita despertou uma grande expectativa.

O primeiro-ministro grego considerou esta visita como parte de sua estratégia para recuperar a "confiança internacional". E a governante alemã respondeu avaliando que "a cada dia estão ocorrendo progressos", embora também tenha pedido a continuação das reformas, pois, segundo disse, se os problemas não são resolvidos agora "voltarão a aparecer mais adiante de forma mais dramática".

Dessa maneira, instou o governo heleno a seguir com esses "esforços", em referência às novas medidas de economia no valor de 13,5 bilhões de euros que deve aprovar para que os demais sócios europeus concordem em conceder à Grécia um novo lance de ajuda financeira.

Samaras assegurou que "a Grécia está decidida a realizar as reformas necessárias para acabar com a crise", mas pediu "um pouco de oxigênio", que a chanceler concordou em outorgar em forma de novos fundos do Banco Europeu de Investimentos.

No entanto, Merkel não quis antecipar o que acontecerá com o novo lance de ajuda financeira, no valor de 31,5 bilhões de euros, que Atenas espera receber quando aprovar as novas medidas.

Perguntada por esse assunto, a chanceler alemã declarou que é preciso "esperar o relatório da troika", integrada pela Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional.

Merkel reconheceu, além disso, que se a recessão piorar nos países do sul da Europa, a próxima vítima será Alemanha. "Temos uma moeda comum. Se um não vai bem, o outro também não irá bem", sentenciou.

Nas ruas do país, os gregos não receberam com tanto entusiasmo a chefe do governo alemão, que muitos enxergam como a cabeça visível das políticas de austeridade tão em voga na Europa.

Cerca de 30 mil gregos participaram da manifestação convocada pelos principais sindicatos do país, GSEE e ADEDY, junto com uma greve de três horas.

Muitos levavam cartazes com duras mensagens contra a chanceler alemã, como "A presença de Merkel é uma provocação ao povo" e "Fora Merkel, Abaixo a troika" e até mesmo bandeiras alemãs foram queimadas, pois alguns gregos estabelecem um paralelismo entre a ocupação da Grécia pelo Terceiro Reich durante a Segunda Guerra Mundial e o que agora também consideram uma "ocupação".

"Merkel tem que entender que os gregos, assim como os espanhóis e os portugueses, têm o direito de viver", se queixou em declarações à Agência Efe o pequeno empresário Grigoris Malamis, que participou do protesto junto com sua mulher.

"Os impostos e os preços aumentaram. O povo já não tem dinheiro e a situação é muito ruim, pois ninguém compra. E acho que irá piorar", acrescentou.

Os protestos foram em sua maioria pacíficos, embora tenham sido registrados distúrbios de pouca intensidade quando alguns grupos tentaram invadir o perímetro de segurança estabelecido pela polícia.

Um porta-voz da polícia explicou à Efe que durante o dia de hoje 193 pessoas foram detidas e levadas à delegacia, mas apenas 13 delas foram acusadas formalmente.

Merkel "veio certificar as novas medidas de austeridade e os novos cortes de salários, pensões e empregos (...). Mas vieram em um momento em que a ira dos trabalhadores está crescendo. A manifestação de hoje é uma mensagem: chega medidas de austeridade", disse à Efe o vereador de Atenas, Petros Konstantinu.

Este político esquerdista advertiu que os protestos já "derrubaram três governos nos últimos anos" e "já estão mostrando a porta de saída para o quarto".

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