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A Eletrobras pretende investir R$ 61 bilhões entre 2014 e 2018, sendo R$ 14,1 bilhões apenas neste ano. A empresa fechou 2013 com um prejuízo de R$ 6,291 bilhões.As informações foram comentadas hoje pelo presidente da empresa, José da Costa Carvalho Neto.

"Se não tivéssemos em 2013 todos os efeitos não recorrentes, na geração e transmissão e na descontratação de pessoal teríamos tido lucro", disse o presidente. "Todos os nossos estudos indicam que, em 2014, a Eletrobras vai dar lucro."

Este foi o primeiro balanço da empresa que considerou todos os efeitos da mudança nos contratos, pós-prorrogação das concessões, que ocorreu no fim de 2012.

Para que pudesse baixar em média 20% o preço da energia para o consumidor, como anunciado pela presidente Dilma Rousseff no fim de 2012, os contratos de concessão que venceriam de 2015 a 2017 foram antecipados.

Pelo novo contrato, as empresas recebem menos pela energia, o suficiente apenas para pagar a geração e manutenção dos serviços.

A mudança fez encolher a receita das empresas do setor. Inclusive da Eletrobras. A estimativa da própria empresa é de uma perda anual na casa dos R$ 8,1 bilhões.

"Não podemos descartar que [o prejuízo] também tenha reflexo da renovação antecipada das concessões", afirmou o presidente.

De acordo com cálculos feitos pela Eletrobras, a mudança de regras não deve impedir a empresa de ter lucro em 2014. Desde 2011 a Eletrobras não encerra o ano com saldo positivo.

Pendências

A confiança dos gestores da Eletrobras sobre os resultados de 2014 está no fim de algumas despesas que ocorreram em 2013, como gastos com desligamento de pessoal.

No ano passado, mais de 4.220 pessoas foram demitidas da empresa. O número deve chegar a 5.000 até o fim deste ano.Para o presidente da empresa, o bom resultado futuro também deve ocorrer já que devem ser resolvidos outros problemas, como as perdas recorrentes com a usina Candiota III.

A térmica da Eletrobras, movida a carvão, não vem conseguindo gerar a quantidade de energia que deveria.

As máquinas da usina vem sofrendo desligamentos -programados e não programados- acima do esperado.Com isso, a geração desta unidade, que deveria ficar na casa de 300 megawatts, chega apenas aos 250 megawatts.

A diferença na geração acaba tendo de ser suprida com a compra de energia, pela Eletrobras, no mercado livre para cumprir os contratos feitos por Candiota III.

Como o preço da energia está no teto, afetado pela pouca quantidade de chuvas no país, o prejuízo da usina é crescente.A ideia da Eletrobras é conseguir negociar na Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) que essa diferença de 50 megawatts médios possa ser assumida por outras empresas do grupo.

Também estão nas contas da Eletrobras, para chegar a um saldo positivo, alguns investimentos feitos por suas empresas que não foram considerados pela Aneel em 2013.São quase R$ 791 milhões aportados no sistema de geração e transmissão que deveriam ser ressarcidos à empresa, mas que ainda não foram considerados pela agência e que por isso entraram como despesa no balanço.

"Nós vamos recuperar a Eletrobras. Essa é a nossa convicção. No ano passado tínhamos a expectativa de que nosso prejuízo [em 2013] fosse ficar um pouquinho menor. Mas o resultado não ficou longe das nossas projeções", disse José da Costa.

Crescimento

O presidente da empresa disse ainda que a Eletrobras foi responsável pela entrada de 659 megawatts de energia no sistema brasileiro no ano passado.

Em 2014 a previsão é de que a Eletrobras possa agregar 2.205 megawatts. De 2014 a 2018, o plano é conseguir uma entrada de 13.400 megawatts.

Já na área de transmissão de energia, a empresa ampliou suas linhas em 1.898 km, em 2013, e deve aumentar em 4.266 km em 2014.

Para o plano de longo prazo da empresa, que vai de 2014 a 2018, a meta é ampliar as linhas de transmissão em 19.200 km."Quero reforçar a importância da Eletrobrás para assegurar a oferta de energia no mercado brasileiro", disse Carvalho Neto.

Três Irmãos

Sobre a usina "Três Irmãos", licitada hoje, e agora sob comando do consórcio formado por Furnas e pelo fundo de investimento Constantinopla, o presidente da Eletrobras disse que já há uma quantidade muito grande de usinas na região que pertencem a Furnas.

Portanto, a empresa poderá aproveitar a estrutura que mantém na região para reduzir custos de operação e manutenção."Furnas já tem todo o suporte de operação e manutenção para as outras usinas. Estamos tirando proveito do nosso porte. Do nosso tamanho. Poucas empresas têm essa possibilidade", disse.

O grupo foi o único a apresentar proposta no leilão realizado na BM&F Bovespa, em São Paulo.

Como não houve disputa, a oferta vitoriosa ficou no teto estabelecido no certame, que previa o custo de gestão de ativos em R$ 31,623 milhões por ano.

Esse valor, somado aos encargos e tributos, compõem o cálculo da remuneração anual para a empresa concessionária durante o prazo da operação, de 30 anos.

Indenizações

A Eletrobras espera ainda receber cerca de R$ 12 bilhões do governo, como indenização das empresas que renovaram as concessões.Esse valor está relacionado aos investimentos feitos antes do ano 2000 pelas transmissoras de energia e também às diferenças de cálculo sobre as indenizações devidas pelas usinas geradoras.

"Entregaremos nosso pleito nesse primeiro semestre à Aneel. O governo pode nos pagar em até 30 anos", disse o presidente.

Novo Leilão

Ainda está em estudo a participação da Eletrobras no leilão de geração de energia emergencial que será realizado no dia 25 de abril pelo governo.

De acordo com o presidente da empresa, a área técnica está verificando quanto de energia pode ser oferecida pelas usinas hidrelétricas da empresa e também pelas térmicas.

"Dependendo dos preços do leilão nós vamos verificar se podemos vender uma parte da nossa energia ou se não é conveniente", disse. "Não temos nenhuma grande térmica para oferecer. Há possibilidade de participar com duas, mas são valores muito pequenos", concluiu.

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