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Metade dos brasileiros tem piratas em casa

Segundo pesquisa, aumento da renda favoreceu entrada de milhões de pessoas no mercado consumidor de itens pirateados

DVDs piratas são vendidos livremente no centro de Curitiba: produto é um dos favoritos dos consumidores | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
DVDs piratas são vendidos livremente no centro de Curitiba: produto é um dos favoritos dos consumidores (Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo)

O aumento do rendimento e a consequente elevação do consumo das classes de renda mais baixa nos últimos cinco anos impulsionou também as compras de produtos piratas. Pesquisa divulgada ontem pela Fecomércio-RJ mostra que mais de 70 milhões de pessoas consomem esses produtos no país e a penetração, que atinge também as classes mais elevadas, tem crescido sobretudo nas camadas de renda mais reduzida.

Enquanto em 2006 a pesquisa mostrava que 42% dos entrevistados compraram alguma mercadoria falsificada, em 2010 esse porcentual foi de 48%. "Há alguns anos consideramos a pirataria como uma epidemia que vem se espalhando por esse estado e pelo país", disse o presidente da Fecomércio-RJ, Orlando Diniz. Segundo ele, este mercado irregular ganhou mais 14 milhões de consumidores em cinco anos.

Os artigos preferidos são CDs, adquiridos por 79% dos entrevistados, e DVDs (77%). O produtor e diretor do sucesso de bilheteria Nosso Lar, filme que já levou ao cinema mais de 4 milhões de espectadores, Wagner de Assis, compareceu ontem à sede da Fecomércio dizendo-se "desesperado" com a pirataria. Ele disse já ter sido alvo do assédio de camelôs que lhe ofereceram o seu próprio filme nas ruas do Rio e teme que a venda ilegal possa prejudicar o lançamento da obra em DVD, a partir de janeiro. Em 2006, o porcentual de entrevistados que compravam esse produto era bem menor, de 35%.

"O aumento do poder aquisitivo das classes de renda mais baixa favoreceu o aumento de consumo de produtos formais, mas também informais", explica o economista da Fecomércio-RJ João Gomes. Mais de 80% dos consumidores de todas as classes de renda apontaram o preço como principal motivo para aquisição de piratas. Nas classes A e B, 89% citaram esse fator e, nas classes D e E, 98%.

A pesquisa mostrou ainda que a fatia de consumidores do segmento AB que consomem produtos piratas caiu nos últimos cinco anos, mas permanece elevada. Enquanto há cinco anos 53% dos consumidores de alta renda consumiam piratas, em 2010 o porcentual foi de 47%. Gomes disse que, como a demanda prossegue alta, os produtores e distribuidores de piratas estão sofisticando mais os produtos para atender a essa fatia de consumo. Nas demais classes de renda, houve aumento no porcentual de consumidores que compram piratas entre 2006 e 2010, passando de 49% para 53% na classe C e de 32% para 39% na classe E.

O presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria e secretário executivo do Ministério da Justiça, Rafael Favetti, concorda que a migração de classes aumentou o consumo em geral, no país, de produtos lícitos e ilícitos. Ele disse que há uma "visão romântica" no Brasil de que os que produzem e distribuem produtos piratas são "coitados sem emprego". Segundo ele, a realidade é diferente. "Todos os dados que temos de apreensões mostram que quem faz e distribui esses produtos está ligado ao crime organizado", disse. A pesquisa foi realizada em mil domicílios, em 70 cidades, sendo nove regiões metropolitanas.

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