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"Não vamos ajudar quem está bem", diz Mantega

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, rebateu, em entrevista à Bloomberg, as críticas de setores do mercado de que as medidas anunciadas ontem para compensar as perdas que determinados setores têm tido com o câmbio valorizado são seletivas.

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O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, considerou o crescimento da economia no primeiro trimestre, anunciado nesta quarta-feira pelo IBGE, "adequado" e disse que a meta do governo de expansão de 4,5% neste ano poderá ser até ultrapassada. O resultado veio ligeiramente abaixo das previsões de analistas, que, no entanto, concordam que a meta deverá ser atingida neste ano.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou nesta quarta-feira que o Produto Interno Bruto (PIB), soma de todas as riquezas produzidas no país, de janeiro a março, alcançou o valor de R$ 596,2 bilhões. A variação em relação ao trimestre anterior foi de 0,8%, levando-se em consideração a série com ajuste sazonal. Na comparação com igual período de 2006, o crescimento foi de 4,3%.

Segundo Bernardo, os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ainda não tiveram impacto no primeiro trimestre e, portanto, farão a economia crescer mais a partir do segundo trimestre.

- Estabelecemos a meta de 4,5% de crescimento para este ano e ainda apostamos que vamos conseguir e, possivelmente, até ultrapassar. O primeiro trimestre, mostrou um crescimento em um nível adequado, mas todas as perspectivas são de que o segundo trimestre vai ser melhor ainda. A nossa avaliação é de que o PAC ainda não teve impacto - afirmou.

Por sua vez, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, comemorou os dados que mostram uma expansão de 4,3% do PIB no primeiro trimestre deste ano. Ele ressaltou que este movimento está sendo puxado pelo consumo doméstico. Meirelles, que recebe críticas por conta da política de juros e do impacto negativo que ela teria no crescimento da economia, chamou atenção ainda para o fato de que o IBGE revisou para cima suas estimativas de crescimento para os três últimos trimestres de 2006.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também confiante na meta de 4,5% no ano, disse, em entrevista à agência Bloomberg, que não há regularidade nos números trimestrais e frisou que o que importa é o crescimento da economia no anono ano.

- O mais importante é que já estamos há mais de 14 semestres consecutivos com crescimento da economia brasileira. Isso já caracteriza um ciclo de desenvolvimento sustentado - ressaltou, acrescentando que a economia brasileira está crescendo de forma robusta, com aumento dos investimentos.

Mantega acredita em aceleração no segundo semestre, mas apenas devido à sazonalidade do período, quando aumenta a atividade produtiva. Ele admitiu que o câmbio valorizado teve alguma influência, principalmente sobre setores afetados da indústria de transformação e lembrou que o governo lançou, recentemente, medidas para ajudar esses segmentos, entre os quais têxtil, calçadista e moveleiro.

- A valorização do real é inevitável - afirmou Mantega.

O setor de serviços teve o melhor desempenho da economia na comparação entre o primeiro trimestre e os últimos três meses de 2006, com avanço de 1,7%. A indústria, na mesma comparação, cresceu 0,3%, enquanto a agropecuária caiu 2,4%.

A formação bruta de capital fixo, um indicador dos investimentos no setor produtivo, cresceu 7,2% em relação a igual período do ano passado. O avanço foi explicado, principalmente, "pelo aumento da produção e da importação de máquinas e equipamentos", segundo o IBGE.

CNI

Enquanto os integrantes do governo comemoravam os dados sobre o PIB, a Confederanção Nacional das Indústrias (CNI) afirmava que o aumento da produção industrial não acompanhou o crescimentro do PIB. Em nota divulgada na tarde desta quarta-feira, a CNI assinala que a principal característica que marcou a atividade econômica no primeiro trimestre deste ano é que o crescimento do PIB não veio acompanhado de aumento no produto industrial. Segundo a confederação, enquanto o PIB cresceu 0,8% no primeiro trimestre de 2007, o produto industrial manteve-se praticamente estável, expandindo-se 0,3% ante o quarto trimestre de 2006, após ajuste sazonal.

Repercussões

O crescimento veio um pouco abaixo das previsões. Economistas consultados pela Agência Reuters previam expansão de 1,1% para a economia brasileira na comparação com o trimestre anterior.

De acordo com o economista-chefe da corretora Lopes Filho, Júlio Hegedus Netto, o fato de o crescimento do PIB no primeiro trimestre ser menor do que no último período do ano passado é sazonal e não mostra uma desaceleração da economia.

- Há de fato uma retomada do crescimento da economia - avaliou o economista.

O economista-chefe da corretora Concórdia, Elson Teles, avalia que se o ritmo da expansão da economia se for anualizado, como se faz nos Estados Unidos, representaria um crescimento de 3,1% no ano, que é abaixo dos 4,5% esperados pelo governo. Entretanto, ele acredita que nos próximos trimestres, devido aos efeitos da redução da taxa de juros, a tendência é que o crescimento seja um pouco maior e que os 4,5% no ano sejam alcançados.

No acumulado de 12 meses até março, a economia cresceu 3,8% na comparação com os quatro trimestres imediatamente anteriores. Para Teles, este é um indicador que a tendência da economia é de aceleração.

Segundo a economista do Unibanco Giovanna Rocca, o crescimento do país foi puxado pelo consumo interno - não somente o das famílias, mas também aquele gerado pelos investimentos das empresas. No acumulado de 12 meses, o consumo das famílias cresceu 4,8% e a formação bruta de capital fixo (indicativo dos investimentos) subiu 7,7%.

As estimativas do Unibanco eram de crescimento de 1,1% na economia brasileira no primeiro trimestre deste ano na comparação com o quarto trimestre de 2006 e de 4,7% em relação ao primeiro trimestre do ano passado.

Na comparação com igual período do ano passado, os serviços avançaram 4,6%, a indústria cresceu 3,0%, com destaque para o setor extrativo mineral, e a agropecuária teve alta de 2,1%.

Pelo lado da demanda externa, as exportações de bens e serviços registraram taxa positiva de 5,9%, enquanto as importações saltaram 19,9%, em alta pela 14ª vez seguida.

O IBGE revisou os dados trimestrais de 2006, mas o crescimento do ano foi mantido em 3,7 por cento.

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