Pouco mais de um mês à frente da Economia, o ministro Guido Mantega vai cobrar dos banqueiros maior velocidade na redução dos "spreads" e dos juros para o consumidor. Este será o tema principal de encontro entre o ministro e os presidentes de grandes bancos de varejo no país marcada para esta sexta-feira na sede da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), em São Paulo.
Segundo assessores, Mantega vai dizer que o governo tem feito a sua parte, ao reduzir a Selic (taxa básica de referência do mercado) desde setembro do ano passado. Mas isso não tem sido repassado ao varejo. Dados da Associação Brasileira dos Analistas de Finanças e Contabilidade (Anefac) indica que o juro médio nas operações para pessoas físicas passou de 141,12% ao ano, em agosto de 2005, para 139,24% em março passado(a pesquisa de abril ainda não ficou pronta), o que correspondeu a um corte de apenas 1,88 ponto percentual. No mesmo período, a Selic caiu de 19,75% para 16,5%, corte de 3,25 pontos (na sua reunião de abril, o Copom voltou a fazer uma redução de 0,75%, levando a Selic para os atuais 15,75%).
Dados do Banco Central também apontam para essa direção. Em março, o "spread" bancário (diferença entre a taxa de captação do dinheiro e a cobrada do consumidor final, que reflete a margem de lucro das instituições financeiras) subiu 0,3 ponto, estabilizando-se em 44 pontos percentuais. Com isso, voltou ao patamar de setembro do ano passado - justamente, quando o BC começou a reduzir a Selic.
O encontro, pedido pelo governo, foi acertado na semana passada entre Mantega e o presidente da Febraban e do Bradesco, Marcio Cypriano. Inicialmente, o ministro da Fazenda queria fazer a conversa em Brasília, mas acabou optando por São Paulo para aproveitar a reunião bimestral do Conselho Diretor da Febraban - composto pelos presidentes de 18 bancos públicos e privados.



