Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Veículos

Montadoras voltam de férias com incertezas

Setor automobilístico retoma produção sem se livrar da possibilidade de demissões. Na Renault, mil contratos foram suspensos

Pátio da Renault em São José dos Pinhais: por causa das vendas fracas, mil funcionários tiveram os contratos suspensos | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Pátio da Renault em São José dos Pinhais: por causa das vendas fracas, mil funcionários tiveram os contratos suspensos (Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo)

Mais de 40 mil funcionários das montadoras instaladas no Brasil estão voltando do período de férias coletivas com muitas dúvidas sobre o que acontecerá com seus empregos. As companhias pararam as linhas para ajustar os estoques à queda abrupta nas vendas nos últimos três meses de 2008. Agora, elas vão analisar como o mercado se comportará para decidir como se adaptarão à demanda menor. Uso de banco de horas, suspensão de contrato de trabalho e demissões estão na lista de opções da indústria.

Em São José dos Pinhais (região metropolitana de Curitiba), os funcionários da Renault aprovaram ontem, por unanimidade, o acordo que prevê a suspensão do contrato de mil trabalhadores por até cinco meses. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), a medida evita a demissão imediata dessas pessoas. Os 2,6 mil trabalhadores da linha de produção estavam em férias coletivas desde o início de dezembro e voltaram ao trabalho ontem.

Enquanto estiverem afastados da produção, os metalúrgicos vão receber bolsa de qualificação profissional, paga pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), e uma "ajuda compensatória" da montadora, para completar o salário líquido normal. Os cinco meses também serão contabilizados para o cálculo do pagamento de férias, 13º salário e FGTS.

Segundo o coordenador da delegação sindical da Renault, Robson Jamaica, a empresa se comprometeu a negociar condições caso decida demitir os funcionários após esse período. "E ela terá de ressarcir o trabalhador com valor equivalente ao que foi pago pelo FAT nos cinco meses de suspensão do contrato."

A segunda-feira também foi de volta ao trabalho para os 2,1 mil funcionários da Case New Holland (CNH), fabricante de máquinas agrícolas instalada na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). A CNH havia dispensado 350 trabalhadores em dezembro, e não houve novas demissões desde então.

Também na CIC, parte dos operários da Volvo retornou à produção ontem – os funcionários da linha de cabines e caminhões da empresa voltam nos dias 12 e 22. De acordo com o vice-presidente do SMC, Nélson Silva de Souza, o sindicato prepara para o dia 22 uma assembleia porque existe o temor de que a empresa dispense mais trabalhadores, além dos 450 demitidos no início de dezembro.

Os trabalhadores da fábrica da Volkswagen, de São José dos Pinhais, voltam ao trabalho na próxima segunda-feira. Não há informação sobre demissões, mas o próprio presidente da Volks do Brasil, Thomas Schmall, avisou no mês passado que pretendia flexibilizar a jornada por meio de banco de horas. O executivo adiantou que "quem for mais flexível corre menos risco de demissão", mandando um recado aos sindicatos de Taubaté (SP) e da Grande Curitiba, que estariam pouco dispostos a discutir o tema.

Outros estados

Na General Motors (GM), 2,9 mil funcionários voltaram a trabalhar ontem na unidade de São José dos Campos, no interior de São Paulo. Em Gravataí (RS), 5,2 mil empregados também retornaram ao trabalho. Os funcionários, no entanto, voltam a entrar em férias coletivas de 19 de janeiro a 6 de fevereiro. A maior unidade da GM, em São Caetano do Sul (SP) continua em férias coletivas até 18 de janeiro.

Na Volks, 5 mil funcionários retornaram ao trabalho ontem na unidade de Taubaté (SP) e outros 500 na fábrica de motores de São Carlos (SP). Em São Bernardo do Campo (SP), os 11 mil trabalhadores voltam apenas nesta quarta-feira. Na Fiat, 12 mil pessoas retomam os serviços na fábrica em Betim (MG) ao longo desta semana. Outros 3 mil trabalhadores retornam no dia 12.

Na Ford, cerca de 9 mil funcionários que estavam em férias coletivas voltaram ontem ao trabalho. A paralisação envolveu 3,5 mil funcionários da fábrica da Bahia, 4 mil da fábrica de carros e caminhões de São Bernardo do Campo (SP), além de outros 1,5 mil da unidade de motores de Taubaté (SP).

A estimativa do mercado é de que a indústria automobilística brasileira, sexta maior no ranking mundial, deixou de produzir, por causa das férias coletivas de novembro e dezembro, cerca de 200 mil carros. Isso equivale a dois terços dos 300 mil veículos que vinham sendo produzidos antes da crise.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.