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Relatório da Moody’s cita a desaprovação recorde do governo Dilma Rousseff para exemplificar o cenário político conturbado. | Ueslei Marcelino/Reuters
Relatório da Moody’s cita a desaprovação recorde do governo Dilma Rousseff para exemplificar o cenário político conturbado.| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Um cenário que já era esperado pelo mercado se confirmou nesta terça-feira (11). A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a nota de crédito do Brasil – de Baa2 para Baa3 –, o que deixa o país apenas um degrau acima do nível especulativo. A agência, porém, mudou a perspectiva da economia brasileira de “negativa” para “estável”, indicando que, no curto prazo, o Brasil não irá perder o selo de bom pagador. E fez ressalvas. A Moody’s deixou claro que o país precisa voltar a crescer em 2017 e entregar melhores resultados fiscais.

“Um desempenho econômico mais fraco que o esperado, uma tendência de crescimento de gastos públicos e uma falta de consenso político sobre as reformas fiscais impedirão que as autoridades alcancem um superávit primário alto o bastante para segurar e reverter a tendência de alta da dívida este e no próximo ano”, justificou, em nota, a agência.

A recuperação é esperada para 2017 e 2018, quando a perspectiva é que a taxa anual de expansão do PIB possa ficar em 2%, com a estabilização da dívida somente no fim do governo da presidente Dilma Rousseff. E o cenário político conturbado também foi levado em consideração pela agência, que notou as consequências da operação Lava Jato.

“O cenário político tornou-se cada vez mais complicado. A taxa baixa recorde de aprovação para a presidente Dilma tem enfraquecido a posição política dela e os processos judiciais de investigação de corrupção Lava Jato têm contribuído para o aumento da tensão entre o Congresso e o Poder Executivo, minando ainda mais os esforços do governo para avançar sua agenda econômica”, diz a Moody’s.

O rebaixamento era esperado desde meados de julho, quando técnicos da agência visitaram o Brasil para analisar as contas públicas. Com a deterioração fiscal e a dificuldade de aprovar as medidas de ajuste no Congresso, cresceu, então, a aposta de que o Brasil teria a sua nota cortada. A expectativa ganhou ainda mais força – sendo cogitada, inclusive, a perda do grau de investimento – quando o Ministério da Fazenda decidiu reduzir de 1,1% do PIB para 0,15% do PIB a meta de superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida) este ano. O menor esforço fiscal contribui para o aumento da relação dívida pública bruta e PIB – um dos pontos analisados pelas agências de risco para aferir a solvência de um país.

Repercussão

Nesse contexto, economistas acreditam que a a avaliação da Moody’s sobre o Brasil é até melhor que a esperada, já que afastou, ao menos por ora, o risco de rebaixamento do país. “Acho que, no fim, a decisão da Moody’s foi uma surpresa positiva. A segunda surpresa positiva foi a perspectiva neutra, com a justificativa de que a Moody’s vai esperar a estabilização da dívida só em 2018. É uma aposta que o Brasil pode reverter as coisas mais à frente”, avalia Jankiel Santos, economista-chefe do BES Investimentos.

“O rebaixamento em só uma nota e a perspectiva estável foram ótimos. A grande preocupação era perder o grau de investimento”, disse Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset.

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