• Carregando...

Em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, gravada na sexta-feira em La Paz e exibido na noite de segunda-feira, o presidente da Bolívia, Evo Morales, destacou que os problemas com a siderúrgica brasileira EBX não afetam as relações com o Brasil.

- Defender nossos recursos naturais não é motivo para romper relações. Disse em minha campanha e continuo repetindo que precisamos de sócios. Não há donos nem patrões no que se refere aos recursos naturais.

Morales criticou a atuação da siderúrgica EBX na Bolívia:

- As empresas de petróleo ou de serviços que seguirem as leis bolivianas terão segurança jurídica. O que aconteceu com a EBX é lamentável. A empresa tem dois caminhos: abandonar voluntariamente o país ou ser expulsa. Ela não respeitou as leis bolivianas e se instalou ilegalmente. Aqui não é terra de ninguém. Queremos investimentos, mas investimentos legais - afirmou.

O presidente boliviano destacou a importância de um Estado detentor dos recursos naturais.

- A Petrobras tem muitos problemas. Queremos a presença da empresa na Bolívia, mas a Petrobras tem que nos respeitar. Não só a Petrobras, mas todas as empresas querem defender seus interesses Antes 18% iam para a Bolívia e 82% para as empresas, mas nós vamos mudar isso, pois aqui não se compra Evo Morales nem os ministros.

Morales afirmou que assumir uma posição de defesa dos recursos naturais não significa expulsar qualquer empresa, mas disse que a Petrobras deve ao governo boliviano em muitos aspectos e que as empresas têm que se adequar à nova lei.

Na entrevista, Morales elogiou o governo do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

- Lula se destaca por sua combinação entre a economia popular e a empresarial. Admiro essa forma de trabalhar. Li nos jornais que Lula disse que, graças ao diálogo, conseguiu entregar propriedades aos sem-terra. É certo que isso não é suficiente, mas admiro como implementa a economia mista.

Ao reafirmar sua ideologia socialista, Morales rejeitou o sistema neoliberal como solução para a economia da Bolívia.

- O modelo neo-liberal não funciona para a América Latina. É preciso haver um Estado protetor que planeje o desenvolvimento a curto, médio e longo prazo. Um Estado que comece a gerar mais recursos excedentes econômicos para que haja mais saúde e educação. Um modelo econômico antiliberal, em que o Estado se responsabiliza por gerar e planejar desenvolvimento, além de gerar recursos econômicos provenientes fundamentalmente dos recursos naturais.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]