Morreu na manhã desta quarta-feira (27), em São Paulo, o empresário e presidente do Conselho de Administração do Banco Itaú, Olavo Egydio Setubal, aos 85 anos. Ele estava internado no Hospital Sírio Libanês.
O velório do presidente do Conselho de Administração da Itaúsa e do Itaú, Olavo Egydio Setubal, será realizado no Centro Empresarial Itaúsa, na Praça Alfredo Egydio de Souza Aranha, 100 no bairro do Jabaquara (zona sul de São Paulo), das 16 horas de hoje às 10 horas de amanhã, segundo comunicado distribuído pela assessoria do banco. O corpo será cremado em cerimônia privativa para os familiares.
Setubal faleceu nesta quarta-feira, às 8h15, aos 85 anos, de insuficiência cardíaca. Ele estava internado no Hospital Sírio Libanês. Olavo Setubal deixa a esposa, Daisy Setubal, e os filhos Paulo, Maria Alice, Olavo Jr., Roberto, José Luiz, Alfredo e Ricardo, noras e 19 netos.
A trajetória no Itaú
Com a premissa de que não se cresce sem assumir riscos, o banqueiro e empresário Olavo Egydio Setubal assumiu o comando do Itaú no final dos anos 50. Na diretoria-geral, liderou o crescimento do banco, antes com atuação restrita ao Estado de São Paulo e com apenas 31 pontos de atendimento. Já nos anos 70, chegou ao posto de segunda maior instituição financeira do País e hoje conta com mais de 2,8 mil agências em todo o Brasil e presença no exterior.
Antes de virar banqueiro, o paulistano Setubal foi empresário. Nascido em 16 de abril de 1923, se formou em engenharia na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, em 1945. Dois anos depois, fundou a Deca com o amigo e também engenheiro Renato Refinetti. O sucesso no empreendimento fez com que o seu tio, Alfredo Egydio de Souza Aranha, o convidasse para trabalhar na instituição financeira fundada por ele em 1945, o Banco Central de Crédito S.A.
Esse banco incorporou, em 1964, o Itaú, que antes pertencia a um grupo de empresários mineiros. Na ocasião, passou a ser conhecido como Banco Federal Itaú S.A. e Setubal ficou no cargo de diretor-geral. Outras instituições foram incorporadas durante a gestão do banqueiro, mas ele nunca conseguiu levar o grupo ao posto de maior banco privado do País.
Setubal considerava que o maior banco privado do Brasil era fruto do gênio de seu fundador, Amador Aguiar, e o Itaú, fruto de uma lógica racional. Para ele, o futuro dirá se os frutos dos gênios conseguem resistir a várias gerações, enquanto os frutos da lógica sempre sobreviverão.
Não foi só na expansão do Itaú que Setubal atuou. Também ajudou na administração da Duratex, que pertencia ao seu tio e na época enfrentava dificuldades financeiras. Hoje, a Deca faz parte do grupo Duratex, que pertence à holding Itaúsa.
Administração pública
Além de banqueiro e empresário, também foi político. Em 1975, sob indicação do governador Paulo Egidio Martins, assumiu a Prefeitura de São Paulo, posto que ocupou até 1979. Nesse período, se orgulha de ter investido no transporte público, que considerava um ponto fundamental de sua gestão. Inaugurou a segunda fase da linha norte-sul do metrô e iniciou as obras da leste-oeste. Além disso, passou o Metrô e a Comgás para as mãos do Estado e unificou vários departamentos de trânsito do município em uma única secretaria, a de Vias Públicas. Dizia que administrar a cidade era algo fantástico, mas que dava muito mais trabalho do que presidir um banco. E brincava que a remuneração era bem mais baixa.
Em 1979, retornou ao Itaú como diretor-presidente, cargo que ocupou até 1985, quando foi convidado para ser ministro das Relações Exteriores no governo José Sarney. A partir dessa data, se afastou definitivamente da direção do banco. Ao sair do governo federal, no ano seguinte, foi pré-candidato pelo PFL ao governo de São Paulo em 1986. Sem ser escolhido pelo partido, abandonou a carreira política. Assumiu a presidência do Conselho de Administração do Itaú naquele ano e também o comando da Itaúsa. Passou a presidir o conselho da holding em abril de 2001.
Rotina
Desde 1994, Roberto Egydio Setubal, o quarto de seus sete filhos atuava como presidente-executivo do Itaú. Até ficar doente e ser internado, ia todos os dias no prédio-sede do banco, no bairro do Jabaquara, onde aconselhava seu filho e também almoçava constantemente com diretores do banco. A rotina só não era cumprida quando viaja ao exterior. Costumava passar dois meses por ano fora do país.
Sobre o Brasil, tinha a avaliação de que o País tinha nas últimas décadas melhorado em vários aspectos, menos na segurança pública, e que era importante avançar sempre de forma lenta, mas continuamente. Defensor da estabilidade monetária, temia e adoção de propostas "mágicas" com o intuito de resolver todos os problemas existentes. Na avaliação do banqueiro, era preciso buscar a melhor distribuição de recursos possíveis, sem ser idealista.



