Motivar colaboradores por meio de palestras é uma das ferramentas mais utilizadas por empresas e entidades em geral. Mas, para o método apresentar resultado, a organização do evento deve ser bem planejada. Quem vai atrás de conferências por conta própria também precisa ter cuidados, pois elas não são garantia de sucesso profissional. Os problemas mais comum nesta área são palestrantes muito técnicos, que não conseguem interação com o público ou, o contrário, uma palestra-show que não passa qualquer mensagem.
Geralmente, as empresas dividem as palestras em técnicas e motivacionais. Para a coordenadora do Instituto Escola Paranaense de Supermercados (Iespar), Andrea Luy, os dois tipos são importantes e cada uma tem suas características. "A motivação deve ser constante, não é algo que se escuta uma vez e acabou. É um alimento que deve ser oferecido sempre", avalia. Quando a intenção é valorizar o funcionário, a palestra motivacional é muito útil, segundo Andrea, por permitir que a pessoa relaxe, tenha um momento de descontração. Mesmo assim, esse tipo de conferência deve ter conteúdo. "Não adianta apenas dar show, é preciso ter uma mensagem que preste."
Já na palestra técnica, o objetivo é informar o público sobre determinada situação. Em alguns casos elas são criadas a partir do pedido dos próprios colaboradores ou associados. Em outros, o departamento de Recursos Humanos identifica uma questão que pode ser abordada. "Nesses casos temos uma grande dificuldade em encontrar um palestrante que tenha o conhecimento técnico e tenha empatia com o público. Geralmente a pessoa especializada não tem muita desenvoltura. Para atrair os interessadoscostumamos usar um título bem objetivo", conta Andrea.
O consultor e sócio da Everest Gestão de Pessoas, Valdeci Carneiro, defende o meio-termo entre capacitação técnica e motivação. "Depois de trabalhar uma semana inteira, a pessoa não tem muita disposição para ouvir um discurso técnico à noite ou no sábado ou domingo. As pessoas acabam não aproveitando quase nada, e muitas até dormem no treinamento." Para ele, as atividades lúdicas devem estar acompanhadas de conteúdo. "Sou um pouco crítico das palestras puramente motivacionais. Acho que de alguma forma o que a pessoa lá na frente fala deve estar relacionado com o perfil, objetivos e dia-a-dia da empresa", observa. Ele reconhece que os eventos do estilo "show" atraem muitas pessoas e têm um público cativo. Segundo ele, geralmente quem atua na área de recursos humanos ou atividades ligadas ao comportamento prefere esse estilo. Já os trabalhadores especializados em questões mais técnicas tendem a avaliar negativamente esse tipo de conferência. "A experiência mostra isso. É preciso saber qual é o público-alvo antes de decidir qual é o evento", conclui. A Associação Comercial do Paraná (ACP), por meio da Universidade Livre do Comércio (ULC), também promove uma série de palestras, tanto para associados como para a comunidade em geral. "Para escolher bem, levamos em conta a opinião de empresários, de diretores que já participaram de eventos interessantes e de comentários que ouvimos. Já ocorreu de o palestrante não ser tão bom quanto imaginávamos, mas temos de lembrar que assim como todo mundo, eles têm seus dias bons e ruins", conta o vice-presidente da ACP e coordenador da ULC, Jaime Sunyé.
O interesse crescente das organizações em palestras ocorre pela necessidade de valorizar constantemente o profissional. Essa é a opinião da sócia-diretora da agência de palestras Palestrarte, Ana Tikhomiroff. "Para reter talentos, as empresas investem na qualificação e na troca de conhecimentos, que ocorrem de forma muito interessante e proveitosa em um ambiente como as palestras."
Mas não adianta apenas levar um palestrante qualquer, porque se o público não gostar do evento, vai perder tempo e criar uma imagem ruim da instituição organizadora. Andrea, da Iespar, toma alguns cuidados para isso não ocorrer. "Em primeiro lugar, busco uma pessoa que tenha uma linguagem adequada para meu público. O assunto também precisa estar de acordo com o conhecimento e necessidades da audiência. Além disso, a cada época do ano há um assunto que está mais em voga e o palestrante deve estar atualizado."



