A maioria absoluta dos consumidores que recorrem ao Procon-PR tentam antes resolver o problema diretamente com o fornecedor. Um levantamento inédito realizado pela Divisão de Estudos e Pesquisas (DEP) do órgão paranaense de defesa do consumidor aponta que 88% das pessoas que buscam orientação ou vão abrir uma reclamação poderiam ter resolvido o problema com a empresa ou prestador de serviço.
"O consumidor quer produtos e serviços de qualidade, mas quer, acima de tudo, ser atendido quando tem problemas. O Procon acaba sendo um balcão de atendimento dos fornecedores", avalia a coordenadora do Procon-PR, Claudia Silvano.
Outro indicador revelado pela pesquisa é o de que 58% das pessoas que buscam atendimento no órgão são mulheres. A faixa de renda predominante é a que ganha entre três e cinco salários mínimos (entre R$ 1.866 e R$ 3.110). Quase 30% dos reclamantes têm o nível médio completo de escolaridade.
"A questão da mulher não tem necessariamente a ver com a questão de tempo livre para reclamar. Pelo contrário, a mulher hoje tem as mesmas atribuições ou mais que os homens. A percepção é de que a mulher é mais engajada e preocupada com esse tipo de questão", comenta Claudia.
Segundo a coordenadora, o perfil de escolaridade e renda também indica uma grande participação da nova classe média brasileira, que passou a ter acesso a bens de consumo e serviços. Essa parcela da população teria o bolso "mais sensível" aos eventuais prejuízos e por isso estaria mais disposta a lutar por seus direitos.
"O conflito em qualquer relação existe, mas é inadmissível que depois de mais de 20 anos de vigência do Código de Defesa do Consumidor, os fornecedores continuem desrespeitando a lei e o próprio consumidor", finaliza Claudia.
