Ao caminhar pela rua, você encontra um cartão-postal. Ao invés de ter pontos turísticos, há imagens de lugares estranhos. Com mais atenção, pode-se notar que há um código nele. Com a pulga atrás da orelha, você faz uma busca pela internet. Encontra um site e uma mensagem: "Perdeu-se o Cubo. Recompensa R$ 250 mil". Esta história aconteceu na Itália. E foi o início de um dos mais famosos Alternate Reality Game (ARG), o "Perplex City", um novo tipo de jogo que mistura realidade e ficção e que está quebrando a cabeça de muita gente.
Outros cartões postais apareceram nos Estados Unidos. Descobriu-se então que as janelas do edifico que estampava o desenho continham um código binário que, traduzido, dizia "Olá, Mundo!". Intrigados, usuários criaram comunidades para discutir a estranha mensagem e, através do código de barras impresso no cartão, concluiu-se a primeira parte do jogo, encontrando o site onde havia mais informações. Esse é um exemplo de quão complexo pode ser um ARG, e porque ele está fascinando tantas pessoas.
Criado inicialmente como uma ferramenta de marketing, a nova modalidade de entretenimento vem ganhando muitos adeptos. O primeiro sucesso comercial surgiu no ano de 2001, após o diretor Steven Spielberg ter solicitado à Microsoft que criasse um jogo para promover seu filme "Inteligência Artificial". Uma pequena equipe da empresa de Bill Gates desenvolveu o jogo "A Besta". O ARG conquistou milhares de jogadores em todo mundo. O objetivo era descobrir quem havia matado um dos personagens e quais as razões para o crime. As pistas foram colocadas em diversos lugares, como no trailer do filme, em cartazes, sites, números de telefones, e-mails e em lugares públicos.
Os telespectadores mais atentos de Lost, transmitido pela TV Globo, já notaram que há muito mais na série do que está sendo mostrado na TV. Pequenos detalhes, como um número em um rótulo de remédio, estão rendendo horas de teorias conspiratórias internet afora. E isso não é apenas fruto de imaginação dos mais desconfiados. A própria produção do programa criou diversos sites relacionados à série. Empresas que aparecem em alguns episódios chegam a ter telefones reais. Sem falar nos inúmeros boatos oficiais que são divulgados. Daí é só ligar os fatos e tentar ser um dos poucos que têm alguma vaga idéia dos motivos que levaram os passageiros a caírem na ilha.
Um dos casos mais comentados é sobre a logomarca de uma companhia que aparece na segunda temporada de Lost. Um telespectador identificou que o símbolo já havia sido mostrado no primeiro episódio da série, logo após a queda do avião. Partindo disso, descobriu-se o site da empresa, o telefone, significados para o slogan, o grupo que estaria por trás disso tudo e fez-se até associações com empresas reais que, teoricamente, não deveriam fazer parte do enredo. Se tudo é verdade ou mentira, só se saberá no final da série, ou do jogo.



