
A vinícola da Família Fardo fica na BR-116, km 69, em Palmitalzinho, distrito de Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba. Os mais apressados na estrada correm o risco de perder a entrada de cascalho que dá acesso à construção de pedra, o abrigo da produção de Justina e Ambrósio Fardo. Melhor tirar o pé do acelerador quando passar pela região. A parada vai surpreender o visitante.
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O único aspecto que pode ser considerado caseiro nos vinhos finos produzidos pelos Fardo é a quantidade: 30 mil garrafas por ano. No mais, todo o processo é profissional. Aos poucos, o casal constrói a história da vinícola, instalada em uma região sem tradição no segmento, mais concentrado em Colombo, São José dos Pinhais e Campo Largo. O trabalho começou em 2008, com a instalação das pipas da família de Ambrósio, trazidas do Rio Grande do Sul, após a morte do irmão, viticultor que também tirava garrafas para consumo próprio. A primeira safra chegou ao mercado neste ano.
Apesar da tradição familiar na produção de vinho, iniciada pelo avô Domingo Fardo, fundador de uma cooperativa vinícola no Rio Grande do Sul na década de 1940, Ambrósio não sabia nada da atividade. Para realizar o sonho de fazer "um vinho para ser saboreado", investiu na contratação de consultorias especializadas, que até hoje ajudam na elaboração de cada nova variedade. A profissionalização acompanhou o ritmo da produção: pipas de inox, um enólogo próprio, a construção da adega e a abertura da loja no local, em meados de 2014. "A cada nova etapa, um novo aprendizado. Fomos construindo conforme nossas necessidades de crescimento, para passar à próxima fase", explica Justina.
Para se dedicar aos vinhos, Ambrósio transferiu para os três filhos a administração de sua outra empresa, uma indústria de pigmentação de plástico, e assumiu a rotina da vinícola junto com a esposa. Os dois compartilham todas as tarefas, desde a escolha dos fornecedores das uvas, compradas de produtores de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, até os processos de filtragem, envase e armazenamento. A próxima etapa, de distribuição e venda, está sendo criteriosamente estudada pela dupla.
Nenhum detalhe escapa aos olhos atentos dos viticultores. Justina se orgulha da primeira produção da família, um Bordô de 2008, que acabou comprovando a qualidade para vinho de guarda, com laudo em laboratório. "Esse tipo de vinho é jovem, para ser consumido em até dois anos. Mas nosso produto mostrou que pode ser aberto mais tarde, com a mesma qualidade, pois já tem mais de cinco anos e não perdeu suas caraterísticas", diz.
O vinho que Ambrósio mais gosta de produzir é o Cabernet Sauvignon. Na linha Casa, a Família Fardo tem também as variedades Tannat e Merlot. A vinícola ainda tem a grapa, destilado derivado da casca da uva, e espumantes brut e moscatel, produzidos sob encomenda para o rótulo de Quatro Barras. O próximo a ser lançado no mercado será a linha Encontro, de edição limitada a 2,5 mil garrafas, elaborado a partir da mistura de três varietais: 50% Sauvignon, 30% Merlot e 20% Tannat.










