Crescimento
Exportações dão salto em cinco anos
As exportações de açúcar crescem a passos largos no Brasil e no Paraná. Neste ano, o país já embarcou 7,88 milhões de toneladas, 3 milhões a mais do que no primeiro semestre de 2006. Por sua vez, o Porto de Paranaguá passou da casa dos 400 mil para 1,3 milhão de toneladas, considerando os mesmos períodos, conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O aumento foi de 60% em âmbito nacional e de 209% no estado.
Mas isso não explica, por si só, as filas de navios em Paranaguá. A estatísticas do próprio porto indicam que houve concentração dos embarques em junho. Um terço de todo o volume de açúcar a granel exportado no primeiro semestre saiu do estado no sexto mês do ano. O embarque de junho corresponde a todo o volume carregado no primeiro semestre inteiro de 2009. Perdeu por 16% para o farelo de soja, que teve embarque de 480 mil toneladas, e por 25% para a soja em grão, que atingiu 539 mil toneladas.
O volume de açúcar exportado tende a aumentar no segundo semestre. Porém, os embarques podem ser melhor distribuídos. No ano passado, o país exportou 17,9 milhões de toneladas do produto 10,5 milhões entre julho e dezembro, segundo o MDIC. As exportações por Paranaguá representaram 18,9% de saldo de 2009.
A demanda internacional por açúcar fez com que o produto se tornasse a principal causa da fila de navios no Porto de Paranaguá. Ontem havia 17 embarcações esperando para atracar e 3 atracadas que devem levar o alimento derivado de cana para países como Rússia e Índia. O açúcar responde atualmente por um terço das movimentações no porto. Para cada embarcação que aguarda carregamento de soja, há três esperando o produto um quadro sem precedentes, conforme representantes da indústria sucroalcooleira. Contratos que não foram cumpridos na entressafra da cana ajudaram a ampliar o problema, informa o setor.Segundo o Porto de Paranaguá, são necessários dois dias de trabalho contínuo para carregar cada navio. Atualmente, vêm sendo carregadas duas ou até três embarcações de açúcar simultaneamente. No entanto, para encher os cargueiros enfileirados devem ser necessários cerca de 30 dias porque, segundo a administração do porto, é necessário interromper os trabalhos sempre que chove.Essa movimentação, observada também em Santos (SP), onde a fila de navios é duas vezes maior que no Paraná, já era esperada. O Brasil é o maior exportador mundial de açúcar, seguido por União Europeia e Austrália, mas nessa época do ano torna-se o único fornecedor do produto. A Índia, que figurava entre os exportadores, precisa recorrer ao mercado internacional para complementar sua demanda. A Tailândia, como não fazia há 30 anos, voltou a importar açúcar. Fez ontem proposta de compra de 100 mil toneladas um navio e meio , impulsionando as cotações internacionais. No Brasil, os preços seguem estáveis, conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), ligado à Universidade de São Paulo (USP). Nos últimos dois meses, a valorização internacional da commodity praticamente empatou com a desvalorização do dólar diante do real.
Mesmo assim, a tendência é de que as exportações continuem crescendo nos próximos anos e agravem os problemas portuários, afirma Pérsio Souza de Assis, diretor da Paraná Operações Portuárias S.A. (Pasa), terminal especializado em açúcar que atende nove usinas do estado. O setor cobra mais investimentos públicos no porto. "Existem estudos em andamento para ampliação das instalações das empresas, mas a reestruturação dos embarques depende de projetos maiores", afirma Assis. Em sua avaliação, a capacidade de carregamento foi ultrapassada pela demanda. Em Paranaguá, carrega-se apenas açúcar a granel. O embarque do produto ensacado foi concentrado pela administração dos portos do estado, a Appa, no Porto de Antonina. Por lá, a fila é menor, seguindo a demanda. Ontem havia dois navios atracados e três à espera de vaga.
As despesas dos exportadores crescem significativamente a cada dia de espera, aponta o superintendente da Associação de Produtores de Bioenergia do Paraná (Alcopar), José Adriano da Silva. O custo diário é de US$ 50 mil por navio, conforme estimativa da Federação da Agricultura do Paraná (Faep). "O pessoal fechou uma quantidade de contratos que não conseguiu cumprir por causa das chuvas. Elas forçaram a paralisação de muitas usinas. Deixamos de cortar 9 milhões de toneladas de cana no Paraná no ano passado", lembra o executivo da Alcopar. O setor prometeu aos clientes não atendidos prioridade na safra deste ano, que começou em abril.
Colaborou Luana Gomes.
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