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A poucas semanas do início da negociação salarial entre trabalhadores e empresas do setor metal-mecânico, os dois lados dão sinais de que vão protagonizar uma queda-de-braço para definir os reajustes. De um lado, as empresas argumentam que as perspectivas são de redução de produção e consumo, por conta da crise econômica; do outro, sindicalistas dizem que a situação não é tão grave e prometem paralisar atividades caso suas reivindicações não sejam aceitas. Uma das empresas que está em negociação com os trabalhadores é a multinacional Bosch, que teve suas exportações reduzidas e que, por isso, poderá demitir uma parte de seus quase 5 mil funcionários.

Cerca de 30 mil metalúrgicos de Curitiba e região têm data-base em 1º de dezembro, mas as grandes empresas costumam negociar em separado. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), a Bosch ofereceu duas possibilidades, que foram rejeitadas pelos trabalhadores em assembléia ontem de manhã. O presidente da entidade, Sérgio Butka, antes de saber da possibilidade de demissões na Bosch, disse ontem à tarde que os trabalhadores podem entrar em greve a partir da semana que vem, caso a empresa não reformule as propostas. A multinacional ofereceu aumento de 11% em dezembro, sem abono, ou o pagamento da inflação no ano (7,15%) e abono de R$ 700 em dezembro, e o restante do aumento (3,6%) em dezembro de 2009. Em nota, a assessoria da Bosch disse que fará novas rodadas de negociação com os trabalhadores.A empresa afirma ainda que a "adequação no quadro de colaboradores devido à queda de exportações e da crise econômica mundial já se faz sentir também na empresa, assim como em diversas outras companhias". De acordo com a nota, não existe, hoje, perspectivas de retomada das exportações. A Bosch também sentiu retração no mercado interno e informou que vai adequar a produção com férias coletivas.

Divergência

"As empresas estão passando a mensagem errada. Estamos em um momento de diminuição da produção, não de crise", afirma Butka. Várias montadoras, em Curitiba e outros estados, já reduziram a produção. A GM anunciou um programa de demissão voluntária (PDV) e dados divulgados ontem indicam queda nas vendas em outubro. "As empresas estavam produzindo além do limite, pagando horas extras para os funcionários. Agora há um momento de restrição do crédito, mas a situação deve voltar a se normalizar em dezembro", opina o sindicalista.

A ameaça de greve ocorre um dia após o Sindimetal (sindicato do setor metal-mecânico) divulgar que pelo menos 35 empresas de Curitiba e região darão férias coletivas para seus funcionários em dezembro. O SMC contra-argumenta, dizendo que 42 empresas deram férias coletivas em 2007, e que essa estratégia é normal. Segundo o presidente do Sindimetal, Roberto Karam, cada entidade vê a crise de uma forma. "Tomara que os sindicalistas estejam certos. Mas o cenário é muito grave sim. Em nenhum momento pensamos em usar a situação atual como forma de pressão. Afinal, as empresas, por natureza, querem trabalhar, produzir e vender, e não reduzir produção."

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