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Mercado verde

Negócio sustentável se diferencia e gera redução de custos

Empreendedor precisa estar atento ao padrão de consumo dos clientes para oferecer soluções mais ecológicas e saudáveis

A empresá- ria Heloise Peratello viu na alimen- tação sau- dável uma oportunidade de negócio e hoje oferece produtos orgânicos aos consu- midores, interessados na origem da sua comida | Felipe Rosa/ Gazeta do Povo
A empresá- ria Heloise Peratello viu na alimen- tação sau- dável uma oportunidade de negócio e hoje oferece produtos orgânicos aos consu- midores, interessados na origem da sua comida (Foto: Felipe Rosa/ Gazeta do Povo)

Agir de maneira sustentável é além de uma boa prática, uma oportunidade de negócio a ser explorada. Com a preocupação cada vez maior na sociedade com o respeito ao meio ambiente, empresas que adotam práticas sustentáveis chamam a atenção dos consumidores e se diferenciam no mercado, fazendo apostas em espaços tradicionais.

Pensando em aliar a prática de esporte com a qualidade de vida, Gustavo Carvalho criou a Kuritbike, empresa que oferece passeios de bicicleta pelos parques de Curiti­­ba, além de fornecer o aluguel de equipamentos para o uso pela cidade. Como todo novo negócio, Carvalho teve dificuldades específicas pelo setor que resolveu atuar: por ser uma empresa que presta um serviço que recentemente começou a se estabelecer, o empresário penou para colocar a sua ideia em prática. "Meu grande desafio foi encontrar referências e tive de buscá-las fora do Brasil. Outro problema foi levantar capital nos bancos que, em geral, não querem assumir riscos", pontua.

Esse obstáculo atinge, geralmente, os empreendimentos que inovam, como as ações realizadas por empresários do mercado verde. Para conseguir driblar esta dificuldade, que é ainda maior neste setor, a orientação é planejar cada detalhe do negócio para conseguir convencer os agentes financeiros a investirem na ideia.

"Quando é um negócio novo, é difícil para conseguir ter essa referência, mostrar para o banco, por exemplo, qual vai ser o faturamento e se ele vai permitir que o empreendedor assuma o financiamento. É um risco que se corre, mas se houver um plano de negócios estruturado, que mostre a possibilidade de efetivação, ele diminui", analisa a consultora do Sebrae-PR, Walderes Bello.

Não é preciso, porém, criar um novo modelo de negócios para se diferenciar. É possível pensar em novas formas de atuar mesmo em mercados tradicionais. É o caso da Prato Light, empresa que comercializa uma extensa linha de pratos com produtos orgânicos. Há dois anos, a empresa foi comprada por Heloise Peratello, que mudou o foco da clientela, que até então era pessoas com diabetes.

Heloise conta que percebe uma maior preocupação dos clientes com a origem dos alimentos que consomem. "Por isso fomos atrás de fornecedores locais de produtos, para diminuir custos e emissões (de CO2)com o transporte. É mais difícil que comprar em um grande centro de distribuição, mas é só ir atrás que é possível encontrar muitos na região. Além disso, temos parceria com uma empresa de entrega que faz a compensação de carbono de suas emissões. Isso acaba se tornando um diferencial que as pessoas procuram", salienta.

Além de ajudar o meio ambiente, algumas mudanças podem trazer redução de custos para a empresa. A consultora do Sebrae-PR ressalta que há inúmeras possibilidades sustentáveis que podem ajudar as empresas a diminuírem seus custos. Empresas que utilizam o serviço de entrega, como pizzarias e farmácias, poderiam trocar a moto pela bicicleta sem perdas para o negócio. "É uma maneira simples de os empreendimentos repensarem seus processos, incluindo práticas que estimulem o uso de soluções criativas que impactam na sociedade", destaca Walderes.

Mudança de alimentação gera negócios

Os brasileiros estão se alimentando cada vez pior e essa mudança de hábitos pode se converter em ideias de negócios para micro e pe­­que­­­nos empreendedores. A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), divulgada ainda no ano passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que a ingestão diária de frutas, legumes e verduras está abaixo dos níveis recomendados pelo Ministério da Saúde para mais de 90% da população. Enquanto isso, o consumo de bebidas com adição de açúcar e de produtos congelados tem aumentado.

De acordo com o professor de planejamento estratégico do ISAE/FGV Wander Mendes, as oportunidades de desenvolver empreendimentos no setor de alimentação têm crescido tanto pelo seu potencial de consumo quanto pela diversidade de oportunidades. "Os hábitos alimentares mudam à medida que os hábitos de vida e o acesso a condições melhores de renda também se alteram. Associados a mudança de hábito de não mais se alimentar em casa surgem novas oportunidades para o desenvolvimento de empreendimentos voltados a alimentação, em especial a saudável", salienta o professor.

Entre as opções de negócios que podem ser explorados estão, segundo Mendes, buffets com opção de alimentação balanceada a preço acessível com ambiente e atendimentos diferenciados, a produção e industrialização de frutas secas, e ainda o desenvolvimento de alimentos encapsulados e complementos alimentares e preventivos para saúde e beleza.

O professor salienta que em qualquer dos estabelecimentos com potencial o em­­preendedor precisa ficar atento à legislação própria de cada empreendimento, além de obter as licenças para operação e co­­mercialização. Antes de tudo, po­­rém, ele destaca que o empresário precisa se planejar. "Qualquer decisão de abrir um novo empreendimento deve vir precedente de um bom estudo de mercado, necessidade de capital e um bom plano de viabilidade econômica-fi­­nanceira", pon­­dera.

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