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Netflix “aguenta firme” às vésperas  da chegada de rivais ao streaming
| Foto: BigStock

Em novembro, novos serviços de streaming de vídeo vão estrear nos Estados Unidos (Apple TV+ e Disney+) com a perspectiva de roubar clientes da Netflix. Até agora, no entanto, os assinantes parecem não dar a mínima para o fato.

A gigante do Vale do Silício reportou nesta semana um crescimento de 6,8 milhões de assinaturas no terceiro trimestre, ou seja, basicamente aquilo que o mercado tinha projetado, na faixa de 7 milhões. Desse montante, 500 mil novos clientes foram conquistados nos EUA, abaixo dos 800 mil esperados por analistas, mas, ainda assim, um número bastante robusto.

Os números sugerem que pouca gente tem cancelado a Netflix, por enquanto, apesar da chegada dos serviços da Apple e da Disney. “Muitos estão falando de ‘guerra do streaming’, mas já estamos há mais de uma década nessa competição com streamers (Amazon, YouTube, Hulu), assim como com a TV aberta”, afirmou a Netflix numa carta a investidores, acrescentando que “com tantas empresas dispostas a prover vídeos premium para os consumidores, é um grande momento para os criadores de conteúdo”.

Numa conferência com investidores, o principal executivo da Netflix, Reed Hastings, disse não ver como a Disney ou a Apple poderão mudar a sorte da empresa. “Em essência, não há grandes mudanças”, declarou. “É mais do mesmo”. Para ele, “é interessante que a Apple e a Disney tenham lançado seus serviços praticamente na mesma semana, depois de 12 anos ausentes do mercado”. E enfatizou que a Netflix, que sempre primou por ações disruptivas, tem muito mais experiência na praça.

Resultados agradam investidores

O rendimento da Netflix no trimestre chegou US$ 1,47 por ação, acima de US$ 1,04, como Wall Street esperava, enquanto a receita de US$ 5,24 bilhões ficou basicamente em linha com as projeções, em torno de US%$ 5,25 bilhões.

Os investidores gostaram dos resultados e as ações da Netflix subiram 8% após a divulgação dos dados, alcançando US$ 307 por unidade. No trimestre anterior, as ações da empresa tinham se desvalorizado em torno de 20%.

Os números desta semana são particularmente expressivos porque foram anunciados apenas três meses depois de a companhia registrar a primeira queda no número de assinantes em sua história. No segundo trimestre deste ano, a Netflix havia perdido 126 mil assinantes nos EUA. E os 2,8 milhões de novos clientes em outros países também ficaram aquém do esperado, em pelo menos 2 milhões de assinantes.

A empresa enfatizou que o segundo trimestre é tipicamente mais desafiador do que os outros. O terceiro trimestre, em contrapartida, costuma registrar bons desempenhos: no ano passado houve, no período, um salto de 7 milhões de assinantes globais, quase 40% acima do previsto por analistas.

As estatísticas do número de assinantes têm muito mais importância do que apenas estimar os lucros para Wall Street. Elas apontam para a forma como os consumidores deverão usufruir dos serviços de vídeos nos próximos anos – e se a companhia que polarizou as atenções nos últimos cinco anos poderá manter sua influência. Os números da empresa se referem a um trimestre em que a Netflix lançou a nova temporada de “Stranger Things” e coletou 27 Emmys, dois fatores que ainda podem impulsionar as assinaturas. Segundo a companhia, “Stranger Things” foi assistida em 64 milhões de lares no primeiro mês do lançamento (o serviço tem um total de 160 milhões de assinantes). A série “Inacreditável” teria sido vista em 32 milhões de domicílios no período. Os números não são auditados por fonte externa.

Resta saber que impactos serão sentidos pela Netflix nas próximas semanas, quando os consumidores começam a pagar as faturas das novas assinaturas de Apple e Disney. A Apple TV+ será lançada em duas semanas com uma série de programas originais, seguida pela Disney+, no final de novembro, que apresentará um vasto portfólio, contendo produções da Marvel e da Pixar. Cobrando US$ 4,99 e US$ 6,99, respectivamente (nos EUA), os dois streamers se posicionam numa faixa de preço mais barata do que a rival Netflix, que cobra US$ 12,99 pelo pacote.

O gerente de produções da Netflix, Greg Peters, disse que a empresa não está preocupada com a guerra de preços. “Não vemos o preço cobrado pelos competidores como um fator significativo para determinar quanto cobramos pelo nosso serviço”, afirmou. “Os serviços e conteúdos são totalmente diferentes”.

Mesmo assim, a empresa já conta com uma diminuição no crescimento de assinantes nos EUA, e vai buscar compensar isso em outros países. Hastings espera que o crescimento no mercado americano, neste ano, seja metade do que foi no ano passado, quando chegou a 5 milhões de novos usuários.

Antigos sucessos serão atrações da concorrência

A batalha vai endurecer para a Netflix em 2020, quando a a HBO Max (da Warner Media) e o serviço Peacock (da Comcast) serão lançados, no primeiro semestre. Os  novos competidores vão passar atrações como “Friends” e “The Office” – que por anos foram favoritos na Netflix. A Netflix respondeu gastando US$ 500 milhões na compra de “Seinfeld” e comprometendo bilhões na produção de novos conteúdos.

Muitos analistas acreditam que a Netflix poderá se manter na pole-position e crescer, apesar da chegada da Disney. Mas o desembarque da Apple, HBO Max e Peacock no mercado de streaming, acreditam, poderá começar a erodir o domínio da Netflix.

A Netflix tem minimizado o impacto desses novos serviços. “A chegada dos serviços como Disney+, Apple TV+, HBO Max e Peacock vai aumentar a competição, mas nós todos somos pequenos quando comparados com a televisão”, afirmou a empresa em nota. "Ainda que alguns novos competidores tenham ótimos títulos (especialmente de catálogo), nenhum deles tem a variedade, diversidade e qualidade de nossas séries originais, que produzimos ao redor do mundo”. A empresa admitiu algum “pequeno impacto em nosso crescimento em médio prazo”, como resultado da competição, mas afirmou que, no longo prazo, “esperamos que continuaremos a crescer muito bem, devido à força de nosso serviço e ao tamanho das oportunidades nesse mercado”.

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