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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central inicia hoje sua quarta reunião do ano. A expectativa de boa parte do mercado é que a decisão que será divulgada amanhã traga um corte mais agressivo na taxa básica de juros – de 0,5 ponto porcentual, ao invés de 0,25 ponto, como nos outros três encontros. Se a perspectiva se consolidar, a taxa chegará em 12%.

As opiniões se dividem. Ainda há quem cite bons motivos para o comitê manter o ritmo mais lento de cortes. Independente da nova Selic (a taxa básica de juros da economia), o Brasil continuará a ter a maior taxa de juro real do mundo – 8,3% ou 8,6%, respectivamente. A projeção é da consultoria econômica UpTrande e leva em consideração a projeção de inflação para os próximos 12 meses.

Na pesquisa semanal feita pelo próprio BC sobre expectativas para a economia, a maioria das instituições financeiras ouvidas apostavam em um corte de 0,5 ponto. A opinião dos mais otimistas se baseia nos números favoráveis da economia brasileira entre abril e maio. "Os índices de inflação estão sob controle, inclusive abaixo da meta", diz o economista Carlos Cleto, professor da Unifae. Folga que deve ser garantida com a queda do dólar – a desvalorização da moeda norte-americana ajuda a segurar os preços no mercado interno. O professor aposta em um corte de 0,5 ponto porcentual nesta e na próxima reunião. "Reduzir os juros de forma mais drástica agora pode causar euforia e instabilidade no mercado."

O professor de economia da Pontifícia Universidade Católica (PUC PR), Carlos Magno Bittencourt, também aposta em um corte de meio ponto porcentual, já que os ambientes interno e externo estão favoráveis. "A Bolsa da China caiu hoje mais de 8% e o reflexo na Bovespa não foi superior a 0,3%. Esse impacto pouco negativo mostra que nossos fundamentos estão caminhando para uma solidez."

Cautela

Entre aqueles que apostam em um novo corte de cerca de 0,25 ponto porcentual, a justificativa está no "conservadorismo" do Banco Central. O comitê poderia manter o ritmo lento de ajustes devido a indícios de que a economia está mais aquecida que o esperado. A combinação de mais oferta de crédito com uma massa salarial maior pode, em algum momento, ter reflexo nos preços. Assim, mesmo com o dólar baixo – que acirra a concorrência dos produtos importados e segura os preços – o resultado poderia ser aumento da inflação.

Há também quem justifique o corte mais lento com a disparidade entre o crescimento da produção industrial e das vendas no varejo. Há um desequilíbrio entre oferta e demanda que poderia resultar em inflação no futuro. "Os indicadores recentes da indústria e do comércio reforçaram o quadro de recuperação vigorosa da economia, o que poderia sugerir mais cautela na condução da política monetária’’, avalia a economista-chefe do banco Fibra, Maristella Ansanelli. "O bom desempenho dos investimentos, no entanto, reduz os temores de um descasamento entre oferta e demanda em um horizonte de curto-médio prazo."

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