Rio de Janeiro - O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, chorou ontem, em aula magna na PUC-RJ, ao falar sobre a chamada "emenda Ibsen", aprovada na quarta-feira à noite pela Câmara e que revê a atual distribuição da receita com exploração do petróleo nas áreas já em produção. A ex-governadora e prefeita de Campos (RJ), Rosinha Garotinho, liderou protesto que fechou a BR-101 e causou engarrafamento.
Entre outras críticas em tom indignado, Cabral afirmou que a aprovação da emenda é "um linchamento contra o Rio", "uma irresponsabilidade". "O estado do Rio recebe de royalties e participações especiais mais de R$ 5 bilhões; passa a ganhar R$ 100 milhões. Acaba todo o dinheiro da previdência pública. Como a Câmara me aprova uma loucura dessas?"
Segundo ele, o prejuízo terá grave impacto na economia do estado, cujo orçamento de 2010 é de R$ 46,3 bilhões o montante de R$ 5 bilhões equivaleria a 10,8%. "Esquece Olimpíada, esquece Copa, esquece tudo! Acabou o estado! Acabou! Não estou de brincadeira, não! Isso é a maior leviandade que a Câmara fez na história, desde a República! (...) Nunca vi tanto desrespeito ao princípio federativo (...) É brincadeira de mau gosto!" Em seguida, com o rosto vermelho, começou a chorar.
Protesto
Com o apoio de prefeituras locais, cerca de 200 manifestantes bloquearam ontem as duas pistas da rodovia BR-101 na altura de Campos, no Norte Fluminense, em protesto contra a aprovação da "emenda Ibsen". Pneus foram queimados no asfalto logo no início da manhã. A rodovia, principal ligação entre o Rio e o Espírito Santo, só foi liberada no início da noite de ontem.
Um caminhão da prefeitura de Campos foi apreendido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) transportando pneus para serem queimados no local.
Segundo a PRF, o protesto provocou um congestionamento de pelo menos 30 quilômetros nos dois sentidos da rodovia. Já a concessionária Autopista Fluminense estimou o reflexo em seis quilômetros. O local escolhido pelos manifestantes tornou inviável qualquer tentativa de desvio do fluxo. A queima de barricadas sob um viaduto novo que faz parte das obras do Porto do Açu chamuscou a estrutura.
A PRF recebeu denúncias de que funcionários públicos foram recrutados nas prefeituras de Campos, Macaé e Quissamã para o protesto. À tarde, funcionários da prefeitura de Campos distribuíram quentinhas e armaram tendas para os manifestantes, que usam um trio elétrico para os discursos de simpatizantes e políticos da região. Entre os que discursaram estava a prefeita de Campos, a ex-governadora Rosinha Garotinho, que admitiu usar recursos da prefeitura para apoiar a ação. Como estava no Rio, ela chegou ao local de helicóptero. "É tudo verba pública e eu estou lutando por verba pública. Se tiver que ser usado (recurso público), vai ser usado. É uma questão de sobrevivência", disse Rosinha.
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