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O Banco Central decretou nesta sexta-feira (4) a liquidação extrajudicial do Banco Neon, antigo Pottencial, deixando a empresa Neon Pagamentos sem parceiro para viabilizar suas operações de crédito. Em entrevista ao InfoMoney, o CEO da fintech, Pedro Conrade, disse que foi “pego totalmente de surpresa” pela informação e que busca um novo banco parceiro para continuar ofertando os serviços da fintech aos clientes.

“Até agora não sabemos qual o problema da empresa [parceira]. Acordei hoje às seis da manhã com essa informação e estamos tentando resolver desde então”, afirma. “A empresa não tem a menor obrigação de nos dar satisfação, a gente não sabe o que aconteceu.”.

Segundo ele, a Neon Pagamentos, que na quinta-feira (3) anunciou que recebeu um aporte financeiro de R$ 72 milhões liderado por fundos estrangeiros, continuará funcionando e em breve terá um novo banco para liquidar suas operações. Mas, até encontrar esse novo banco parceiro, ela está impedida de oferecer seus serviços, como contas digitais, cartões de crédito e investimentos.

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Parceria com banco investigado

Questionado sobre a atuação fraudulenta do banco parceiro, investigado desde 2010 por prejuízo ao sistema financeiro nacional, Conrade afirma que sabia de problemas antigos, mas fora informado que eles já estavam resolvidos. “Eles sempre deixaram claros esses problemas que eles tiveram – os controladores tiveram problemas lá atrás. A gente analisou esses problemas específicos e vimos que as multas já foram pagos. O banco ainda tinha licença para operar, estava tudo certo”, justifica.

O Banco Neon usava o nome da Neon Pagamentos de maneira “emprestada”, disse Conrade. O Banco Neon foi fundado em 2016 a partir da união do antigo banco Pottencial com a fintech Contro.ly, fundada por Pedro Conrade. A marca Neon, porém, é de propriedade da Neon Pagamentos. De acordo com a agência Reuters, o Banco Neon detém 20% da Neon Pagamentos.

Fundador alega confusão de nomes​

Conrade acredita que o maior prejuízo dessa história para a fintech é a confusão de nomes. “O nome Neon foi cedido ao Banco Neon durante o nosso período de acordo operacional para simplificar. Mas quando aconteceu o problema, as pessoas confundiram ainda mais”, lamenta. “Precisamos tranquilizar agora o nosso cliente de que ninguém vai mexer no dinheiro deles”.

A fintech afirmou, ainda, que já tinha começado a usar o nome somente “Neon” em suas comunicações, alterando URLs e temas do gênero, para evitar a confusão. “Com o aporte recebido e anunciado ontem, vimos a necessidade de separar como funcionava a relação operacional entre as empresas”, diz o Neon em resposta à Gazeta do Povo.

Na quinta-feira (3), após o anuncio do novo investimento, a fintech divulgou também que havia transferido o seu controle acionário para uma holding no Reino Unido. Essa holding, formada pelos investidores, passou a controlar integralmente a Neon Pagamentos.

Neon busca novo parceiro

A fintech, em resposta à Gazeta do Povo, afirma que busca um novo parceiro para continuar oferecendo seus serviços aos clientes. “Todos os serviços continuarão a ser oferecidos, assim que encontrarmos o novo parceiro. Por ora, os clientes podem fazer compras no cartão de débito e saque nos terminais 24h”, diz a empresa.

Os clientes, porém, relatam em redes sociais como o Twitter que não conseguem utilizar o cartão débito e nem fazer saques, já que para ambos os serviços é necessário uma autenticação pelo app. O cartão de crédito e os investimentos estão bloqueados por determinação do Banco Central. Os clientes do clientes do cartão de crédito pré-pago e investidores dos CDBs do Banco Neon deverão procurar o Fundo Garantido de Crédito (FGC) para reaver seu patrimônio.

Como não há investidores com patrimônio maior que R$ 250 mil investido nos CDBs do Banco Neon, segundo Conrade, todos terão seu dinheiro devolvido dentro do prazo do FGC. “Isso vai gerar um stress pro cliente, mas no mais, nada muda”, diz.

Quanto ao pânico gerado pela notícia negativa, Pedro lamenta, mas mantém um fio de esperança. “Acabamos de receber um aporte animal, de empresas gigantes. O que eu acho é que a gente tem que deixar claro pro cliente exatamente o que aconteceu e continuar seguindo um bom caminho como Neon”.

A fintech esclarece que o aporte de R$ 72 milhões foi feito na Neon Pagamentos e não entrará na liquidação extrajudicial. Com isso, o dinheiro será usado para dar suporte ao crescimento da empresa. O montante foi aportado pelos fundos Propel Ventures, Monashees, Quona, Omydiar Network, Tera Capital - family office do Patria Investimentos - e Yellow Ventures.

Leia na íntegra a nota divulgada pela Neon Pagamentos:

“Referente à liquidação extrajudicial do Banco Neon S.A (atual denominação do antigo Banco Pottencial) divulgada hoje pelo Banco Central, a NeonPagamentos esclarece que é uma pessoa jurídica distinta do Banco Neon, com sócios e administradores independentes. Portanto, o anúncio não interfere na administração da Neon Pagamentos, que inclusive recebeu aporte recente de fundos de venture capital.

Neon Pagamentos ressalta que os recursos depositados em contas de pagamentos dos clientes encontram-se disponíveis para saque e compras por meio de cartão de débito e não serão afetados pela liquidação extrajudicial do Banco Neon.

Em 2016, a Neon Pagamentos e o Banco Neon firmaram um acordo operacional com o objetivo de oferecer contas de pagamento e serviços financeiros relacionados ao mercado. Assim, alguns dos serviços financeiros intermediados por meio do Banco Neon estão temporariamente indisponíveis, como: pagamento de boletos, envio e recebimento de transferências, utilização do cartão de crédito, resgate de Certificados de Depósitos Bancário (CDB) e recarga de celular.

Neon Pagamentos já toma providências para contar com novo banco liquidante para regularizar a prestação de seus serviços e reforça o compromisso de manter clientes e mercado informados.”

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