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Renderização do AS2, da Lockheed Martin e Aerion | Lockheed Martin Aeronautic/Divulgação
Renderização do AS2, da Lockheed Martin e Aerion| Foto: Lockheed Martin Aeronautic/Divulgação

Por 27 anos, até a sua aposentadoria em 2003, o Concorde foi um símbolo voador de glamour e velocidade, uma encarnação elegante das proezas tecnológicas e do poder supersônico que levaram os endinheirados de Nova York a Londres em 3 horas e meia enquanto jantavam medalhões de vitela e creme de caramelo.

Seus excessos, no entanto, levaram ao seu fim. O avião era muito caro e transportava poucos passageiros para ser sustentável. Após um acidente fatal, ele deixou de operar com um último vôo de Charles de Gaulle para o Aeroporto Internacional de Dulles. O piloto desse voo derradeiro levantou uma taça de champanhe e brindou seus passageiros: "Para o seu primeiro — e último — Mach 2".

Na sexta-feira (15), no entanto, os líderes da Lockheed Martin e da Aerion anunciaram um acordo para a construção de um jato comercial rápido que eles prometeram que "engendrar uma renascença na aviação supersônica". Falando no National Press Club, as empresas disseram que construirão um jato civil, capaz de voar tão rápido a Mach 1.4, ou 1.715 km/h — cerca de 60% mais rápido do que um avião comercial convencional.

Bate-volta sobre o Atlântico

Renderização do interior do AS2.
Lockheed Martin Aeronautics/Divulgação

Com as operações projetadas para iniciarem em 2025, o AS2, como o jato é chamado, será capaz de transportar até 12 passageiros e economizar até três horas das viagens de sete a oito horas entre Nova York e Londres, de modo que executivos de empresas possam fazer um bate-volta de um lado a outro do Atlântico.

O memorando do acordo entre as duas empresas representa uma ruptura para a Lockheed Martin, com sede em Bethesda, Maryland. A empresa é a maior do setor de defesa do mundo, conhecida principalmente pela fabricação de armas e aeronaves militares, incluindo os F-16, F-22 e F-35.

Esse legado na construção de jatos de combate supersônicos, bem como o do jato de vigilância SR-71 — capaz de viajar três vezes a velocidade do som —, é o que faz da Lockheed uma boa parceira, disseram as empresas.

Embora a Lockheed se concentre em defesa, ela criou o primeiro jato comercial operacional, o Lockheed JetStar, que voou nos anos de 1960 e 1970.

"Acreditamos que novos materiais e tecnologias estão tornando a aviação supersônica civil uma possibilidade realista em curto prazo", disse Orlando Carvalho, vice-presidente executivo da Lockheed Martin Aeronautics.

Apesar das dificuldades do Concorde, um avião comercial capaz de transportar cerca de 100 passageiros, Brian Barents, CEO da Aerion, disse acreditar que a demanda seria para um avião confortável e rápido projetado para corporações e os muito ricos.

"Nós acreditamos firmemente que a velocidade é a próxima fronteira na aviação civil, e vamos começar essa jornada com um jato comercial supersônico", disse ele.

A Aerion com sede em Reno, Nevada, prevê a construção de 300 jatos nos primeiros 10 anos de produção e que o conforto deles rivalizará com outros jatos comerciais no mercado hoje.

Um dos problemas com a viagem supersônica é o estrondo sônico que eles criam. Os Estados Unidos proíbem que aeronaves comerciais alcancem velocidades supersônicas sobre terra firme. Contudo, tais velocidades são permitidas sobre a água. A NASA e várias empresas estão trabalhando em maneiras de diminuir o impacto dos estrondos sônicos, reduzindo a cacofonia que faz vibrar até os ossos a meros roncos.

Mas um obstáculo ainda maior pode estar persuadindo as pessoas a pagar um extra pela velocidade extra e conveniência. "Algumas muito ricos terão que dizer: 'Eu quero a velocidade. Eu quero meu próprio Concorde'", disse Richard Aboulafia, analista aeroespacial do Teal Group, uma empresa de consultoria. E o fato de que ele não voa tão rápido quanto o Concorde, que atingia Mach 2 (2.450 km/h), "também pode colocar um peso no fator do ego".

Ele previu que os governos também poderiam ser clientes, tornando essencial o envolvimento da Lockheed Martin. "Não há absolutamente nenhuma opção para entrega rápida de pessoal essencial — soldados, diplomatas ou médicos", disse ele. "Não há nada mais rápido do que o jato civil mais rápido".

E, como a Lockheed Martin tradicionalmente se esquiva dos mercados civis, Aboulafia disse que a questão é se ela "bancará a grande pilha de dinheiro necessário para levar [o jato] ao mercado?"

A Aerion e a Lockheed, no entanto, estão otimistas.

"Este é realmente o alvorecer de uma nova era", disse Robert Bass, presidente da Aerion. "Como nosso lema diz: 'Já era hora'".

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